Otan alerta que mísseis dos EUA podem dividir aliados

Aliados mostram receio do sistema, que seria instalado na Polônia e na República Tcheca para abater mísseis de países ´nocivos´, como Irã e Coréia do Norte

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Por Agencia Estado
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O secretário-geral da Otan, Jaap de Hoop Scheffer, alertou que o sistema antimíssil projetado pelos Estados Unidos pode rachar a aliança entre os que seriam protegidos pelo programa e os que ficariam de fora, segundo relato do jornal Financial Times na segunda-feira, 12. "Quando se trata de defesa antimíssil, não deve existir uma primeira divisão e uma segunda divisão dentro da Otan", afirmou De Hoop Scheffer ao jornal. "Para mim, a indivisibilidade da segurança é o princípio norteador." Muitos aliados da Otan receiam o sistema dos EUA, que seria instalado na Polônia e na República Tcheca para abater mísseis eventualmente disparados por países que Washington trata como "nocivos", como Irã e Coréia do Norte. Fontes da Otan disseram ao Financial Times que o programa dos EUA iria proteger quase toda a Europa, mas não o sudeste, que precisaria de uma defesa extra, contra mísseis de curto alcance, devido à sua proximidade com o Irã. O secretário-geral da Otan disse ainda ao jornal que o programa norte-americano poderia ser complementado com os planos já existentes da Otan de colocar em operação até 2010 um sistema de defesa contra mísseis em campos de batalha. "Já estamos avançando no desenvolvimento de sistemas para proteger forças enviadas, ao invés de centros populacionais e territórios", disse De Hoop Scheffer. "Pode haver num estágio posterior uma relação entre os dois sistemas." O holandês deixou claro que na opinião dele a Europa está realmente ameaçada por mísseis de determinados países. "Há toda razão para crer nisso, devido aos testes norte-coreanos de mísseis, e à capacidade iraniana e às coisas que os iranianos estão dizendo", declarou ele ao FT. Em entrevista coletiva na sexta-feira durante cúpula da União Européia em Bruxelas, o presidente da França, Jacques Chirac, alertou que o sistema dos EUA poderia reabrir divisões na Europa. A República Tcheca rejeitou na semana passada críticas relativas à sua possível parceria com os EUA no projeto, depois que Luxemburgo alertou para a possibilidade de isso provocar tensões com a Rússia. A Grã-Bretanha já manifestou interesse em participar do sistema norte-americano.

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