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Otan decide hoje seu futuro no Afeganistão

Aliança militar reúne-se em Lisboa para tentar traçar estratégia de retirada do território afegão

Por Andrei Netto CORRESPONDENTE e PARIS
Atualização:

Chefes de Estado e de governo dos 28 integrantes da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) reúnem-se hoje e amanhã, em Lisboa, para redefinir os rumos da aliança. Na pauta oficial, um tema predomina: a tentativa de acordo sobre o programa de retirada das tropas do Afeganistão, entre 2011 e 2014. Além da "guerra ao terror", a construção de um escudo antimísseis, a reorganização dos arsenais nucleares na Europa e a tentativa do Ocidente de atrair a Rússia para o rol de países que colaboram com a organização também serão discutidas.Na cúpula, líderes políticos como Barack Obama (EUA), Nicolas Sarkozy (França), David Cameron (Grã-Bretanha), Angela Merkel (Alemanha) buscam uma forma de deixar o Afeganistão sem que a retirada seja interpretada como um abandono do país. O objetivo oficial é estabelecer uma "parceria de longo prazo" entre a Otan e o governo afegão de Hamid Karzai. O acordo resultaria na transferência progressiva das operações antiterrorismo às forças afegãs entre 2011 e 2014. Essa transição de poder para o Exército e a polícia locais se daria distrito a distrito, ao longo de 18 a 24 meses, a partir do primeiro semestre de 2011.Caso o cenário de fato se concretize, as operações da Força Internacional de Estabilização (Isaf) seriam encerradas em 2014, possibilitando a retirada das tropas dos 48 países - 28 dos quais da Otan - com efetivos em solo afegão. "Nós vamos entrar em uma fase fundamentalmente nova no Afeganistão", afirmou na última segunda-feira o secretário-geral da organização, Anders Fogh Rasmussen.Entre analistas europeus, o pessimismo reina sobre a possibilidade de um acordo. "Os aliados vão lembrar o engajamento de todos na luta contra o Taleban, mas será algo retórico", disse ao Estado Jean-Pierre Maulny, diretor adjunto do Instituto de Relações Internacionais e Estratégicas (IRIS), de Paris. "Não há grandes possibilidades de acordo real."

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