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Otan falha em acordo sobre reforço de tropas para o Afeganistão

Diante da crescente resistência Taleban no sul do país, comando das forças de coalização pediram ampliação no número de soldados

Por Agencia Estado
Atualização:

Apesar dos apelos feitos pelo comando da Força Internacional de Assistência a Segurança (Isaf) para a ampliação das tropas que atuam no Afeganistão, nenhuma oferta formal foi apresentada durante a reunião dos países membros da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) realizada nesta terça-feira em Bruxelas. O encontro aconteceu em meio às pressões internacionais para um reforço no contingente das forças de coalizão estabelecidas no sul do país asiático, atualmente um foco de forte insurgência de militares do Taleban. Segundo a BBC, as dificuldades estão sendo criadas devido a divergências entre os países membros da Otan sobre as regras de engajamento das forças. Ainda assim, para o porta-voz da Otan, há "indicações positivas" de que alguns dos países podem considerar o envio de forças para a região no futuro. Atualmente, 18.500 homens de vários países - a maioria membros da Otan - atuam no Afeganistão. Um número semelhante de soldados americanos também estão no país. Metade das tropas encontram-se no sul do país, onde forças Canadenses e britânicas dividem o fardo de combater os cada vez mais fortes insurgentes do Taleban. Aeronaves e forças especiais americanas também atuam na região. Na terça-feira, a secretária de Estado americana, Condoleezza Rice, alertou que o Afeganistão pode se tornar um país fracassado e voltar a "assombrar o mundo" caso a Otan não ajude o país no seu caminho para a democracia. "Todos nós pagaremos por isso", disse Rice, durante uma visita ao Canadá. "Se você permite que haja um Estado fracassado numa posição estratégica, você vai pagar o preço. Devemos ao povo do Afeganistão a ajuda para terminar o serviço", completou. Reunião A reunião desta quarta-feira foi convocada pelo mais alto comandante da Otan, general James L. Jones, que afirmou na última semana que a organização só tinha mandado 85% das forças prometidas ao sul do país. Jones explicou que ante a resistência Taleban, os 15% restante serão necessários. Esse número equivaleria a aproximadamente 2.500 novos combatentes na região. As forças da Isaf enfrentam uma dura resistência por parte dos Taleban no sul do país, região que até então contava com presença limitada de forças da Operação antiterroristas "Liberdade Duradoura", liderada pelos Estados Unidos. Para combater a insurgência, a Isaf lançou no último dia 2 a "Operação Medusa", cujo objetivo é responder aos ataques do Taleban às províncias de Kandahar e Helmand. O grupo, que governava o Afeganistão antes da invasão americana de 2001, surpreendeu as forças da Otan com o envio de homens para essas regiões nos últimos meses. Desde então, a aliança ocidental enfrenta as mais difíceis batalhas terrestres desde 1949, quando foi criada para proteger a Europa de eventuais ataques soviéticos. Todas os países membros da Otan participaram da reunião desta quarta-feira, mas, segundo o porta-voz da organização, James Appathurai, "nenhuma oferta formal foi colocada sobre a mesa". Em uma coletiva de imprensa após o encontro, Appathurai ressalvou que alguns aliados deram "sinais positivos" de que poderão reconsiderar a questão. Mas alertou que uma decisão final não deve ocorrer antes da próxima reunião dos ministros de Defesa da Otan, nos dias 28 e 29 de setembro. Para a organização, no entanto, a ofensiva no sul do Afeganistão está obtendo bons resultados. "A Operação Medusa está indo bem", disse Appathurai. "Ainda não está completa, mas posso dizer que mais de dois terços dos objetivos foram atingidos." Regras de engajamento Segundo a BBC, funcionários da Otan disseram que alguns dos países com tropas no norte do Afeganistão, mas que contam com regras de engajamento restritas, deram sinais positivos de que estariam dispostos a operar com maior flexibilidade. Mais cedo, o primeiro-ministro britânico, Tony Blair, disse ser de "fundamental importância" para a segurança mundial que o "trabalho no Afeganistão seja feito até o final". "Não deveríamos nos esquecer de que a razão pela qual nossas tropas estão no Afeganistão, junto com outras nações da Otan, são os ataques terroristas do 11 de setembro (de 2001)", completou o primeiro-ministro. Texto ampliado às 16h06

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