
20 de novembro de 2010 | 14h03
Karzai disse que, agora, cada afegão teria participação no futuro do país
A Cúpula da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) decidiu neste sábado, em Lisboa, que começará a reduzir o número de soldados no Afeganistão a partir do ano que vem e passará o controle militar do país para tropas afegãs em 2014.
A Otan e o governo afegão também assinaram um acordo de parceria de longo prazo que prevê que a aliança militar ocidental continuará oferecendo apoio e treinamento após a transição.
"Se os inimigos do Afeganistão têm a ideia de que eles podem esperar até deixarmos o país, eles estão enganados. Nós ficaremos quanto tempo for necessário para terminarmos nosso trabalho", disse o o secretário-geral da Otan, Anders Fogh Rasmussen.
O presidente do Afeganistão, Hamid Karzai, disse que a decisão de transferir o controle militar daria a cada afegão uma participação no futuro de seu país.
Karzai disse esperar que, no futuro, "o Afeganistão contribua para a economia e segurança mundiais em vez de ser um peso".
Mas, apesar de ter agradecido os sacrifícios feitos pelos soldados da Otan, Karzai também expressou a preocupação do povo afegão com "a morte de civis, com detenções e, à vezes, com a postura" da aliança militar.
As forças de segurança da Otan contam com 130 mil soldados baseados no Afeganistão, em sua maioria americanos.
De acordo com o novo plano da aliança militar, o principal papel das tropas a partir de 2015 seria a de treinar as forças afegãs.
Cúpula
O encontro de dois dias em Lisboa foi descrito como um dos mais importantes da história da Otan, já que tinha como objetivo atualizar sua estratégia e estrutura diante de novas ameaças de segurança.
Na sexta-feira, os países-membros discutiram um novo "conceito estratégico" para os próximos dez anos, um documento que define a natureza fundamental do papel da organização no mundo.
O longo conflito no Afeganistão levou a especulações de que a Otan evitaria compromissos explícitos com um papel de defesa global, mas o documento aprovado na sexta-feira diz que os integrantes da aliança "devem defender um ao outro contra ataques, incluindo novas ameaças à segurança de nossos cidadãos", sem definir limites geográficos para suas operações.
A Otan também se comprometeu a "criar as condições" para um mundo sem armas nucleares, mas até esse objetivo estar mais próximo, a organização vai manter seu arsenal nuclear.
Com a decisão, armas nucleares americanas continuarão na Europa, apesar de pedidos da Alemanha e alguns outros países-membros para que o presidente americano, Barack Obama, as retirasse do continente.
Separadamente, a aliança acordou que irá desenvolver e colocar em funcionamento sistemas de defesa antimísseis.
O presidente Obama disse que o acordo "é uma resposta às ameaças de nossos tempos" e vai beneficiar todos os cidadãos da Otan.
"Pela primeira vez, concordamos em desenvolver um escudo de defesa antimísseis capaz de proteger todo o território europeu da Otan assim como os Estados Unidos", disse Obama.
A cúpula contou com a participação do presidente russo, Dmitry Medvedev, que deve discutir com Obama a possibilidade de se unir ao projeto do escudo antimísseis, apesar de ter rejeitado todos os convites anteriores por temer que seu próprio arsenal de mísseis fique comprometido.BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.
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