Otan pede moderação em conflitos na Geórgia

Apesar das divergências, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, se disse satisfeito com o bom andamento da cooperação entre Moscou e a Otan

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Por Agencia Estado
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O secretário-geral da Otan, Jaap de Hoop Scheffer, voltou a pedir calma às partes envolvidas nos conflitos nas regiões separatistas da Abkházia e Ossétia do Sul, na Geórgia. "Disse ao presidente Vladimir Putin que, embora a Otan não esteja diretamente envolvida na situação, pedimos moderação às partes, sempre observando o direito da Geórgia à integridade territorial", disse de Hoop Scheffer. Ao fim de sua reunião com Putin, o secretário-geral da Otan declarou à imprensa que os problemas relativos às regiões da Ossétia do Sul e Abkházia devem ser resolvidos pela via diplomática, e pediu a Moscou que suspenda as medidas adotadas contra a Geórgia. A Rússia rompeu de maneira unilateral as comunicações aéreas e terrestres com a Geórgia, e impôs sanções econômicas ao país, que manifestou recentemente seu desejo de entrar na Otan. "Queremos que este conflito seja solucionado pela via diplomática", afirmou o vice-primeiro-ministro e titular da Defesa da Rússia, Serguei Ivanov. O ministro voltou a afirmar o que já havia sido dito por Putin aos líderes da União Européia na semana passada: que a Geórgia prepara a reconquista militar da Abkházia e Ossétia do Sul, que se declararam independentes no início dos anos 90, após violentos conflitos armados. "Todos os sinais apontam para uma ação militar da Geórgia, o que pode acarretar conseqüências imprevisíveis para a Abkházia e a Ossétia do Sul", afirmou Ivanov. A Rússia advertiu que não tolerará uma solução militar para os conflitos nessas regiões. O país mantém forças de paz no local, as quais Tbilisi acusa de apoiar os separatistas. Às vésperas da visita do secretário-geral da Otan, o Ministério de Exteriores da Rússia afirmou que a eventual entrada da Geórgia na aliança afetaria seriamente os interesses políticos, militares e econômicos da Rússia, e influiria de maneira negativa na frágil situação da região. A visita de Hoop Scheffer a Moscou ocorre um mês antes da cúpula da Otan, em Riga, onde será debatido o futuro da aliança, e sua transformação política e militar. Não está previsto o convite a novos membros. A ampliação da Otan, afirmou nesta quinta-feira Ivanov, poderia obrigar a Rússia a alterar sua política militar. O ministro da Defesa russo acrescentou que a doutrina militar do país também pode ser alterada pelos planos dos Estados Unidos de instalar elementos de seu sistema antimísseis em países do leste da Europa. Segundo Ivanov, nesse caso, Moscou se veria obrigado a "adotar medidas de precaução". Putin se diz satisfeito com cooperação entre Moscou e Otan Apesar das divergências, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, se disse nesta quinta-feira satisfeito com o bom andamento da cooperação entre Moscou e a Otan ao receber no Kremlin o secretário-geral da organização, Jaap de Hoop Scheffer. "De acordo com nossa avaliação, nossa cooperação se desenvolve de maneira bem-sucedida", disse Putin ao dar as boas-vindas a De Hoop Scheffer, segundo a agência Interfax. O presidente russo destacou que o diálogo político entre a Rússia e a Otan é realizado sobre "bases permanentes e a alto nível". Putin disse que Moscou e a Otan "cooperam em âmbitos absolutamente práticos, que são muito importantes para toda a comunidade internacional". Em primeiro lugar, acrescentou Putin, isso se reflete na luta contra o terrorismo. "Continuamos cooperando na assistência às forças da Otan que atuam no Afeganistão", afirmou o chefe do Kremlin, acrescentando que a Rússia também se somou ao "trabalho da Otan no Mar Mediterrâneo". Já De Hoop Scheffer ressaltou a "utilidade" do desenvolvimento das relações entre a Otan e Moscou. "A Rússia é uma grande potência que tem muita responsabilidades nos assuntos internacionais e sua participação na solução de diversos conflitos é imprescindível", disse o secretário-geral.

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