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Outras opções no Partido Republicano

Debate indica que os conservadores adotaram uma trajetória diferente e Fiorina e Rubio podem preencher as expectativas

Por DAVID BROOKS
Atualização:

Mark Shields, meu colega do PBS (a rádio pública dos EUA), lembrou-me recentemente do antigo ditado segundo o qual enquanto os democratas se apaixonam, os republicanos se conformam. Historicamente, os democratas gostam dos indicados às eleições presidenciais que despertam seu entusiasmo, mesmo que sejam inexperientes: Barack Obama, Bill Clinton e John F. Kennedy. Por outro lado, os republicanos gostam de indicar o sujeito que pagou suas contas e já perdeu uma eleição: Ronald Reagan, Bob Dole, John McCain e Mitt Romney. A esta altura, os partidos trocaram as respectivas linguagens do amor. Os eleitores democratas tornaram-se responsáveis e maduros, dizem que querem políticos que trabalhem dentro do sistema, enquanto os republicanos já abraçam o seu adolescente interior. Em sua grande maioria, os republicanos conservadores dizem querer que seu candidato seja uma pessoa de fora do sistema. Os republicanos hoje demonstram pouco interesse em candidatos que oferecem propostas, mas seguem os que utilizam expressões pessoais ultrajantes. Donald Trump desponta como o narcisista brincalhão. Não importa se não é capaz de achar a Síria no mapa. Ele oferece aos EUA uma cabeleira, sua misoginia e insultos. Os socialmente inseguros aplaudem quando ele insulta pessoas que jamais teriam a coragem de assediar. Os republicanos, em geral, se dividem entre conservadores econômicos e sociais. No entanto, este ano, a grande briga é tática. Um grupo quer acabar com o processo político e arrebentar tudo: repudiar o acordo com o Irã; ignorar a Suprema Corte e não admitir o casamento gay; acabar com o financiamento do programa de Planejamento Familiar; deportar os 11 milhões de imigrantes ilegais. Se o debate desta semana sinaliza alguma coisa, porém, é que o partido passou a adotar uma trajetória diferente. Os candidatos estranhos ao establishment estão prestes a abandonar a disputa. A comicidade de Trump está perdendo a graça. Mas isso não significa que o partido voltará rapidamente às suas antigas tendências institucionais. Ele mudará para uma trajetória a meio caminho entre o candidato outsider e o do establishment. Provavelmente, acabará com um híbrido - de língua afiada, mas bem plantado no mundo real. É ali que entram Carly Fiorina e Marco Rubio. Até o momento, Carly foi a pré-candidata que mais impressionou. Ela é especialista na criação de momentos nos quais o político deixa a sua marca. Mas seu fraco histórico na Hewlett-Packard provavelmente significará que ela não poderá começar no topo da lista. Rubio é jovem, logo ainda não se corrompeu, e é um gênio dotado de profundidade política, capaz de explicá-la de uma maneira pessoal. Tem ideias claras e pode resumir um tema complexo - Rússia, Oriente Médio - de uma maneira compreensível. Este não é mais o Partido Republicano de George W. Bush. Será mais ou menos o mesmo, mas mais ousado. Neste momento, Rubio, Fiorina - e talvez Chris Christie - estão mais bem posicionados para ocupar esse novo espaço. / TRADUÇÃO DE ANNA CAPOVILLADAVID BROOKS É COLUNISTA

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