Pacifistas deixam Partido Trabalhista de Israel

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Por Agencia Estado
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Os políticos pacifistas Yossi Beilin e Yael Dayan, ao lado de outros correligionários, renunciaram nesta quarta-feira ao Partido Trabalhista depois de serem colocados, na lista dos candidatos da agremiação para as eleições de 28 de janeiro, em posições que lhes dão pouca oportunidade de se eleger. Beilin, o arquiteto dos acordos de paz interinos com os palestinos, e Dayan, uma ativista feminista, elaboraram uma lista em separado para concorrer junto com o partido esquerdista Meretz. A nova lista de candidatos trabalhistas é formada por centristas e ex-generais - um possível contrapeso à imagem pacífica de seu novo presidente, Amran Mitzna. A lista apresentada visa a atrair os eleitores centristas que se debatem entre a paz e a guerra e que mostraram, nas pesquisas anteriores, sua aprovação às coalizões com o partido belicista Likud, liderado pelo primeiro-ministro Ariel Sharon. O jornal Haaretz disse que essa lista "poderá ser liderada até mesmo por Sharon". O periódico citou partidários do ex-líder trabalhista Binyamin Ben-Eliezer para indicar que a marginalização de Dayan e Beilin melhoraria a oportunidade de uma aliança com o Likud após as eleições. Dayan, filha do legendário general Moshe Dayan, disse à Associated Press que o trabalhismo não passa de "uma pobre versão do que já foi o Likud". Ela atribuiu os maus resultados que obteve nas primárias trabalhistas - que definiram a lista partidária - ao fato de ser a favor de concessões aos palestinos. Beilin foi o líder da política pacifista do trabalhismo. No início do ano, frustrado com a presença do partido no governo de linha dura de Sharon, formou um novo movimento político, chamado Shahar (Amanhecer). O Shahar unirá agora suas forças ao Meretz, com a possibilidade de unir-se em um novo partido social-democrata após as eleições, disse o porta-voz de Beilin, Uri Zaki. Em um comunicado, Beilin disse esperar fortalecer o setor a favor da paz em Israel "à luz de tendências extremistas que se caracterizam nas eleições (primárias) dentro do Likud e do trabalhismo". Nas primárias trabalhistas, um dos políticos novos mais belicistas, Danny Yatom, obteve um entre os 10 primeiros lugares da lista - o que lhe garante uma cadeira no Parlamento. Yatom foi chefe do serviço secreto israelense, o Mossad, durante alguns anos na década de 90. O líder trabalhista Amran Mitzna disse que era o Likud, e não seu partido, que estava endurecendo as posições. O Partido Trabalhista obteve 26 cadeiras nas eleições de 1999, mas pesquisas indicaram que poderia obter agora menos de 20. O Likud, pelo contrário, obteve 19 em 1999, e as pesquisas prevêem que poderá ocupar mais de 40 após as próximas eleições.

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