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Pacto EUA-Paquistão autorizou assassinato, diz jornal

Segundo ''The Guardian'', Bush e Musharraf selaram acordo dando aval a ação unilateral dos EUA contra Bin Laden

Atualização:

ISLAMABADLogo após os ataques do 11 de Setembro, EUA e Paquistão selaram um pacto que autorizaria Washington a lançar uma operação em território paquistanês contra Osama bin Laden, caso o líder da Al-Qaeda fosse localizado no país do Sul da Ásia. O entendimento secreto teria sido feito pessoalmente entre os presidentes George W. Bush e Pervez Musharraf, segundo uma reportagem publicada ontem no jornal The Guardian.A informação teria sido repassada ao diário britânico por autoridades tanto do governo Bush quanto da ditadura de Musharraf, que hoje vive em Londres. As fontes do jornal pediram anonimato e nenhum dos dois lados se pronunciou sobre o conteúdo da reportagem. Bin Laden foi assassinado na semana passada em circunstâncias similares às previstas no suposto acordo secreto.Segundo o combinado entre os aliados, Washington teria o aval para lançar uma operação unilateral e, em seguida, Islamabad "vociferaria" em protesto contra a violação de sua soberania. Ontem, o primeiro-ministro do Paquistão, Yousuf Raza Gilani, ameaçou responder com "toda força" uma futura incursão unilateral dos EUA e o nome do chefe do escritório da CIA em Islamabad foi divulgado na imprensa paquistanesa.Soberania violada. O entendimento valeria ainda para outros líderes da Al-Qaeda - como Ayman al-Zawahiri, vice de Bin Laden - e foi acertado pouco após o terrorista saudita ter escapado do radar dos americanos, embrenhando-se nas montanhas de Tora Bora, no Afeganistão.Na capital britânica, onde lidera um partido de oposição ao governo de Islamabad, Musharraf foi uma das primeiras autoridades a denunciar a violação da soberania de seu país na operação que matou Bin Laden.Uma "fonte paquistanesa de alto escalão" teria afirmado ao Guardian que o acordo foi renovado no período de transição do Paquistão rumo à democracia, em 2008. À época, o general Musharraf continuou por seis meses enquanto eram organizadas eleições para formar um novo governo, desta vez civil.A autoridade citada em anonimato pela matéria afirmou que os protestos são, na verdade, a "face pública" do acordo. "Nós sabíamos que eles negariam tudo", disse a fonte.

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