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Padre católico da Virgínia é afastado após revelar passado ligado à Ku Klux Klan

Reverendo William Aitcheson disse em um editorial publicado no ‘Arlington Catholic Herald’ que os confrontos registrados em Charlottesville ‘trouxeram de volta memórias de um período sombrio’ que ele preferia esquecer

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Por Redação
Atualização:

Um padre católico de Arlington, em Virgínia, está temporariamente afastado após revelar que foi membro da Ku Klux Klan (KKK) há mais de 40 anos, antes de se tornar clérigo. O reverendo William Aitcheson escreveu um editorial publicado na segunda-feira 21 no jornal Arlington Catholic Herald no qual descreve a si mesmo como “um jovem impressionável” quando se tornou membro do grupo.

Ele disse que as imagens dos confrontos violentos entre supremacistas brancos e manifestantes em Charlottesville “trouxeram de volta memórias de um período sombrio da minha vida que eu gostaria de esquecer”. “Meus atos foram desprezíveis”, escreveu Aitcheson, de 62 anos. “Quando penso nas cruzes em chamas (...), sinto como se estivesse falando de outra pessoa. É difícil acreditar que era eu.”

William Aitcheson se desculpou e disse que os episódios violentos em Charlottesville o estimularam a compartilhar informações sobre seu passado Foto: Catholic Diocese of Arlington, Va. via AP

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Em um comunicado, o bispo da diocese católica de Arlington, Michael F. Burbidge, qualificou o passado de Aitcheson com a Ku Klux Klan de “triste e profundamente preocupante”. A diocese disse que o padre não estava disponível para comentários a respeito.

Segundo uma história publicada pelo jornal The Washington Post em março de 1977, Aitcheson, então estudante de 23 anos da Universidade de Maryland, era identificado como um “uma criatura exaltada” do alojamento da KKK. Ele foi acusado de colocar fogo em seis cruzes e fazer ameaças com bomba.

Quando policiais fizeram buscas na casa de Aitcheson nos anos 1970, encontraram no quarto e no porão 4 kg de pó preto utilizado em armamentos, partes de uma bomba e armas.

Na época em que foi preso, o pai de Aitcheson, William W. Aitcheson, disse que seu filho era um membro do grupo de ódio e foi pego “junto a outros”. “Não sei o que eles estavam pensando.”

No editorial publicado nesta semana, o padre se desculpou e disse que os episódios violentos em Charlottesville o estimularam a compartilhar informações sobre seu passado. Ele qualificou caso como “vergonhoso”, acrescentando que “para aqueles que se arrependeram do passado prejudicial e destrutivo, as imagens deveriam nos fazer ajoelhar e rezar”.

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Aitcheson ainda ressaltou: “Os racistas poluíram mentes, distorceram uma ideologia que reforça a falsa crença de que são superiores aos outros”. “É um aviso sobre a radical transformação possível por meio de Jesus Cristo em sua misericórdia”, escreveu.

Uma nota ao fim do artigo do clérigo informa que ele havia “voluntariamente pedido para se afastar do ministério público, pelo bem-estar da Igreja e da comunidade paroquiana”. Burbidge explicou que “não houve acusações de racismo ou intolerância contra (Aitcheson) na diocese de Arlington durante seu período de atuação, mas seu pedido de afastamento foi aprovado. / THE WASHINGTON POST

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