Pai de jovem assassinado pede ´fim da impunidade´ na Argentina

Durante o protesto, manifestantes exigiram intervenções nas favelas, redução da idade mínima dos menores delinqüentes e a implementação de tribunais com júris populares

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

Entre 40 e 60 mil pessoas reuniram-se nesta quinta-feira, 31, na Praça de Mayo, para pedir mais segurança nas ruas e a aplicação de mão-dura no combate à criminalidade. A manifestação foi convocada por Juan Carlos Blumberg, cujo filho, Axel, foi assassinado em março de 2004 por uma quadrilha que o havia seqüestrado. A marcha, que teve um forte tom político opositor ao presidente Néstor Kirchner, foi realizada no meio de um clima tenso, já que a apenas cinco quarteirões dali foram realizadas duas "anti-marchas" convocadas respectivamente pelo líder piqueteiro Luis d?Elía e o Prêmio Nobel da Paz de 1980, o argentino Adolfo Pérez Esquivel. O Nobel repudiou as "propostas repressivas" de Blumberg e defendeu o governo Kirchner. Blumberg, que é cotado para ser candidato ao Parlamento nas eleições de 2007 por algum partido da centro-direita ou direita, exigiu a intervenção nas favelas, para que estas sejam "reurbanizadas", a redução da idade mínima dos menores delinqüentes para que possam ser condenados na Justiça, e a implementação dos tribunais com júris populares. Além disso, exigiu a criação de um "FBI argentino" e a implementação de um banco de dados de DNA de criminosos e violadores. Blumberg lamentou que o governo não quis receber o documentos com os pedidos. Ele pediu o "fim da impunidade" e "o fim da corrupção". A manifestação de Blumberg - a primeira que ele realiza na Praça de Mayo, na frente da Casa Rosada, o palácio presidencial - contou com a participação de lideranças da oposição. No meio da multidão estavam o ex-Ministro da Economia, Ricardo López Murphy e Mauricio Macri, presidente do Boca Juniors. Ambos são líderes da coalizão de centro-direita Proposta Republicana (Pro). Além deles, participaram da manifestação militares da reserva insatisfeitos com a política de Kirchner com as Forças Armadas; grupos anti-aborto, defensores da pena de morte e representantes de colégios católicos. Esta é a quarta marcha organizada por Blumberg. A primeira, no dia 1 de abril de 2004, poucos dias após o assassinato de seu filho, reuniu 150 mil pessoas na frente do Congresso Nacional, carregando velas e a foto de Axel Blumberg. A segunda, três semanas depois, aglutinou 65 mil manifestantes. Em agosto desse ano, Blumberg reuniu outras 75 mil pessoas.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.