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País é discreto ao agir para conter coca boliviana

Por Tania Monteiro
Atualização:

Apesar de o governo brasileiro não admitir oficialmente sua preocupação com a possibilidade de existir uma relação mais estreita entre o presidente da Bolívia, Evo Morales, os produtores de coca, e o narcotráfico, fontes do Palácio do Planalto ouvidas pelo Estado disseram que a questão preocupa mais ao governo do que o gás boliviano fornecido pelo país, que até pouco tempo era o tema predominante da agenda entre os dois países. A Polícia Federal brasileira, informou que houve um aumento do tráfico de cocaína e de sua pasta base. Estima-se que hoje mais de 80% da cocaína consumida por ano no Brasil venha da Bolívia. Recentemente, o Brasil chegou a oferecer aos bolivianos a opção de cultivarem o palmito para substituir a folha de coca na Bolívia, mas as diferenças entre os rendimentos financeiros entre um produto e outro acabaram arquivando a proposta. Como parte da estratégia de atrair o governo boliviano para o combate ao tráfico e fazê-lo se comprometer com isso, há menos de duas semanas, em Foz do Iguaçu, Brasil e Bolívia assinaram um acordo de cooperação contra o narcotráfico e a lavagem de dinheiro em áreas de fronteira, que prevê a realização de operações policiais conjuntas na região, a transferência de tecnologia e a colaboração na formação de agentes. O acordo estabelece que policiais de ambos os países troquem informação para identificar as rotas do tráfico de drogas e para desenvolver investigações dos dois lados da fronteira. Com isso, a polícia brasileira "acompanhará" a erradicação de cultivos de folha de coca no país andino e, de forma recíproca, os agentes bolivianos presenciarão a destruição de plantações de maconha no Brasil, segundo o texto do acordo. O Brasil também se comprometeu a compartilhar com a Bolívia os dados dos cinco veículos aéreos não tripulados de vigilância (Vants) comprados de Israel para a proteção das fronteiras. Ofereceu-se para formar agentes bolivianos nas instalações da PF e aprovou esquema de cooperação contra lavagem de dinheiro, com o objetivo de "estrangular financeiramente" os criminosos.

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