País queixou-se de voos militares perto da fronteira

Segundo WikiLeaks, Brasil manifestou sua preocupação à Colômbia e pediu o cancelamento de manobras com os EUA

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Por Jamil Chade
Atualização:

Um telegrama da Embaixada dos EUA em Bogotá indica que militares americanos realizaram voos na fronteira entre a Colômbia e o Brasil, na Floresta Amazônica. Segundo o documento, vazado pelo site WikiLeaks, o Ministério da Defesa brasileiro sabia dos exercícios e chegou a pedir o cancelamento das manobras. O telegrama é de 2009 e revela uma conversa em agosto desse ano entre o então Ministro da Defesa da Colômbia, Gabriel Silva, com o então embaixador americano em Bogotá, William Brownfield. "Silva informou ao embaixador sobre as ações diplomáticas tomadas pelo governo brasileiro, que está preocupado com os voos americanos próximos ao Brasil e um possível aumento dos militares americanos na Colômbia", afirmou o telegrama. Silva relatou aos americanos como teria sido a visita do ministro da Defesa, Nelson Jobim, à Colômbia em agosto de 2009. "Silva afirmou que os brasileiros expressaram preocupação com as missões transfronteiriças", indicou o documento. Segundo o telegrama americano, o embaixador brasileiro em Bogotá chegou a se reunir com Silva e com o então vice-chanceler para manifestar essa preocupação. A diplomacia americana também foi informada de que o Brasil tinha pedido aos colombianos uma cópia do acordo para o estabelecimento de bases militares americanas no país. "O chanceler da Colômbia nos informou que não pretendiam compartilhar o texto (do acordo)", afirmou o telegrama. Na mesma conversa, Silva informou aos americanos sobre a preocupação do então presidente colombiano, Álvaro Uribe, com possíveis "ataques cirúrgicos" por parte da Venezuela. Silva, então, pediu aos americanos que aumentassem suas atividades militares na fronteira com a Venezuela.

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