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País vê proposta com simpatia e cautela

Outros membros do G-8, no entanto, resistem à ampliação do bloco

Por Denise Chrispim Marin e Jamil Chade
Atualização:

Genebra - O Itamaraty viu com bons olhos o discurso do presidente francês, Nicolas Sarkozy, mas quer saber como isso se traduzirá na prática. O Brasil queixa-se da forma como é tratado no G-8 e acusa os países ricos de ditar a agenda dos encontros. Tanto a ampliação do G-8 como do Conselho de Segurança (CS) são pontos prioritários da agenda externa brasileira. A rigor, a França se coloca como aliada do Brasil em seu pleito por uma cadeira permanente no CS desde 2004. O apoio do ex-presidente Jacques Chirac foi reiterado por Sarkozy numa conversa telefônica com o presidente Lula logo após a sua posse. Já no caso do G-8, a posição de Sarkozy surpreendeu. O Brasil tem sido convidado às cúpulas do grupo, mas as reuniões são curtas ou limitam-se a almoços e fotos com líderes mundiais. Um incidente diplomático ocorreu em junho em Heiligendamm, na última cúpula do G-8. A Alemanha, anfitriã, já havia produzido e distribuído a declaração final do encontro entre o G-8 e os países emergentes (China, Índia, Brasil, África do Sul e México) antes mesmo de a reunião ocorrer e foi obrigada a pedir desculpas oficiais. Lula insistiu na Alemanha que os países emergentes precisavam ter "voz" nas decisões, posição apoiada por outros emergentes. Diante da demanda, Berlim inaugurou um novo modelo de participação, no qual os cinco governos convidados e o G-8 debateriam temas específicos e criariam um plano de ação nos próximos anos. Segundo fontes da diplomacia brasileira, o País ainda não está satisfeito. "Até agora, falávamos da necessidade de institucionalização do diálogo entre os cinco emergentes e o G-8", disse ao Estado um diplomata próximo ao chanceler Celso Amorim. "Mas a defesa do presidente Sarkozy avançou um passo a mais. Demonstrou realismo e consciência de que a composição atual do G-8 está esgotada." Discursando para seus embaixadores, Sarkozy sugeriu a transformação do G-8 em G-13, principalmente para lutar contra a degradação ambiental. No discurso, Sarkozy defendeu que um dia inteiro seja reservado ao encontro do G-13, e não algumas horas. Mas a ampliação do G-8 não é um consenso. A Alemanha a aceita, mas apenas para temas específicos. EUA e Japão resistem à idéia. "Nem todos no G-8 devem concordar com o que escutaram de Paris", disse um diplomata alemão.

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