Representantes de um grupo de contato formado por nações que se opõem ao regime do coronel Muamar Kadafi, na Líbia, se reúnem nesta quarta-feira, 13, em Doha, no Catar, para discutir maneiras de intensificar a pressão sobre o líder líbio.
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A reunião tentará destravar a discussão sobre se a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), a aliança ocidental que coordena os bombardeios contra o regime na Líbia, deve ou não elevar a pressão para forçar a queda de Kadafi.
O encontro também está sendo descrito como a jogada diplomática mais ambiciosa dos rebeldes, que participarão da reunião.
O grupo de contato foi criado na conferência ministerial sobre a Líbia realizada em Londres no dia 29 de março, e é formado por potências militares europeias, os Estados Unidos, aliados do Oriente Médio e diversas organizações internacionais.
O repórter de Diplomacia da BBC James Robbins disse que a reunião tentará avançar em três frentes.
A primeira é tentar alcançar ainda nesta quarta-feira um texto pedindo a saída imediata do líder líbio, sem nenhuma espécie de passagem de comando para os seus filhos. Quando foi criado, o grupo se limitou a dizer que Kadafi havia perdido legitimidade.
A segunda, que diz respeito ao futuro, é como reforçar a oposição líbia para criar uma alternativa viável ao atual regime.
A terceira é a possibilidade de criar um fundo internacional para receber doações de recursos internacionais para apoiar diretamente as cidades líbias comandadas pelos rebeldes.
Impasse
Até agora, os ataques da Otan contra a Líbia não conseguiram reverter a vantagem bélica do regime de Kadafi contra os rebeldes.
Para mudar esse equilíbrio de forças, o ministro britânico do Exterior, William Hague, um dos coordenadores da reunião, pediu que outros países, inclusive árabes, forneçam aeronaves para incrementar os ataques aéreos da Otan.
Ele negou que o conflito na Líbia tenha chegado a um "impasse militar" entre as forças dos dois lados, e disse que a aliança internacional endurecerá os ataques se o regime líbio aumentar a violência contra áreas civis.
"Na última semana, disponibilizamos forças adicionais e pedimos que outros países façam o mesmo", disse William Hague, durante o voo para o Catar.
Hague acrescentou que as ações da aliança dependem "fundamentalmente do comportamento do regime".
"O que no momento pode parecer um impasse militar não é um impasse no mundo da diplomacia e das sanções, para o isolamento do regime e, espero, o reconhecimento de que talvez o regime não tenha futuro no longo prazo", sustentou.
Dentro da Otan, as avaliações das ações da organização divergem.
Para o brigadeiro holandês Mark Van Uhm, que comanda as operações, a aliança está fazendo um "bom trabalho com os recursos que tem".
O general disse que a ofensiva aérea conseguiu estabelecer uma zona de exclusão aérea para o regime de Kadafi, colocar em vigor um embargo a armas e proteger a população civil.
Já a Grã-Bretanha e a França têm expressado sua insatisfação com a intensidade da ação da Otan, e liderado um movimento para convencer outros países a fornecer mais aeronaves de combate para a ação na Líbia.
Do ponto de vista humanitário, a preocupação maior é com a situação na cidade de Misrata, no oeste da Líbia, palco há seis semanas de um cerco que, segundo grupos de direitos humanos, está levando à falta de alimentos e medicamentos.
A cidade tem sido alvo de ataques renovados por parte do regime líbio.
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