Países árabes estão em últimas posições em ranking de liberdade de imprensa

De acordo com 'Repórteres Sem Fronteiras', controle da mídia é 'questão de sobrevivência' para ditaduras

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PARIS - O relatório que avalia a liberdade de imprensa no mundo elaborado pela ONG Repórteres Sem Fronteiras aponta que as últimas posições do ranking de cerceamento à mídia são ocupadas majoritariamente por países árabes como Síria, Bahrein e Iêmen, onde ocorrem protestos pró-democracia e contra regimes ditatoriais há um ano.

 

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De acordo com o relatório, que avalia 179 países, a maioria das nações que figuram nas últimas posições são asiáticas, africanas e situadas no Oriente Médio. Além disso, são locais onde governos autoritários controlam a imprensa. Na última colocação está a Eritreia, seguida da Coreia do Norte e do Turcomenistão. A China ocupa a 174ª posição, enquanto o Sudão é o 170º.

 

Entre os países pior ranqueados estão alguns dos que registraram protestos por causa da Primavera Árabe. Dentre estes, a Síria é a que ocupa a posição mais baixa - 176. O Bahrein é o 173º e o Iêmen, o 171º. As nações onde os regimes caíram devido às manifestações estão em posições um pouco mais elevadas, mas ainda assim têm níveis de liberdade de imprensa considerados preocupantes - o Egito é o 166º, a Líbia é a 154ª e a Tunísia é a 134ª.

 

De acordo com a Repórteres Sem Fronteiras, o índice deste ano - o décimo desde que a ONG começou a avaliar a liberdade de imprensa - mostra que o ano "teve muitos desenvolvimentos, especialmente no mundo árabe". "O controle da informação continuou a ser uma ferramenta dos governos e a ser uma questão de sobrevivência para regimes repressivos e totalitários. O ano também destacou o papel dos usuários da internet na produção e na disseminação de informação", afirma a entidade.

 

A organização fez uma ligação direta entre os protestos que eclodiram no Oriente Médio e o controle sobre a mídia. "Repressão foi a palavra de 2011 - a liberdade de informação nunca foi tão associada à democracia. A equação é simples: a falta ou a supressão de liberdades civis leva necessariamente à supressão da imprensa livre. Ditaduras temem e banem a informação, especialmente quando estão ameaçadas", diz a entidade.

 

Entre os países da Primavera Árabe, apenas Tunísia e Líbia subiram posições em relação ao ranking de 2010, justamente devido à queda do regime. A Argélia também teve uma escalada significativa. Embora no Egito o governo ditatorial também tenha caído, as políticas do Conselho Supremo das Forças Armadas que assumiu o poder não causaram maior abertura à mídia. Todos os outros países onde houve protestos - Bahrein, Síria, Marrocos, Iêmen, Arábia Saudita - registraram queda.

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A entidade lembrou que países democráticos mantêm-se no topo do ranking, citando exemplos europeus. "Isso serve como lembrança de que a liberdade midiática só pode ser mantida em democracias fortes e de que as democracias necessitam de liberdade de imprensa", afirma o relatório.