Após Trump impor sanções contra a Venezuela, Grupo de Lima discute crise com 60 países

Rússia, China e Turquia, principais aliados de Nicolás Maduro, rejeitaram convite para encontro

PUBLICIDADE

Foto do author Redação
Por Redação
Atualização:

LIMA - Chanceleres e representantes de quase 60 países debatem nesta terça-feira, 6, em Lima uma solução para a crise na Venezuela, um dia depois de Washington congelar todos os ativos do governo venezuelano nos Estados Unidos.

A "Conferência Internacional pela Democracia na Venezuela", convocada pelo Grupo de Lima, contará com uma delegação de alto nível enviada pelo presidente americano, Donald Trump, mas não terá representantes dos países que apoiam o governo de Nicolás Maduro, como Cuba, Rússia, China e Turquia, que rejeitaram o convite.

Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, participa de cerimônia com a Guarda Nacional, em Caracas Foto: Miraflores Palace/REUTERS

PUBLICIDADE

Trump enviou a Lima o secretário do Comércio, Wilbur Ross, e o assessor de Segurança Nacional, John Bolton, que afirmou na segunda-feira que chegou o momento de avançar para uma "transição de poder de Maduro a Juan Guaidó", o líder opositor reconhecido como presidente interino da Venezuela por mais de 50 países.

"Esta reunião será muito emblemática para reafirmar o apoio da comunidade internacional à presidência interina de Juan Guaidó", declarou o assessor para a América Latina no Conselho de Segurança Nacional de Trump, Mauricio Claver-Carone, que integra a delegação americana.

"Também vamos falar sobre o que faremos no dia um, o primeiro dia depois que Maduro deixar o poder", completou.

Bolton disse que o governo dos Estados Unidos tem a "intenção de que a transferência (de poder na Venezuela) seja pacífica", mas reiterou que todas as opções estão sobre a mesa.

Trump congelou na segunda-feira todos os ativos do governo venezuelano nos Estados Unidos, que agora "estão bloqueados e não podem ser transferidos, pagos, exportados, retirados ou manejados".

Publicidade

Washington não aplicava uma medida deste tipo contra um país do continente americano há três décadas, algo semelhante às sanções impostas a Coreia do Norte, Irã e Síria.

Anteriormente, o governo dos Estados Unidos adotou tal medida contra a Cuba de Fidel Castro em 1962, a Nicarágua no primeiro governo de Daniel Ortega em 1985 e o Panamá em 1988, no período do general Manuel Antonio Noriega. Apenas as sanções contra Havana permanecem vigentes.

O encontro acontecerá em um hotel de Lima e terá a presença, entre outros, de representantes do Vaticano, França, Espanha, Alemanha, Reino Unido, Austrália, Coreia do Sul, Japão, Israel, Emirados Árabes Unidos, África do Sul e 18 países latino-americanos.

No dia 1º, Trump disse que estava considerando uma quarentena ou bloqueio contra a Venezuela, à medida que Washington eleva a pressão para que Nicolás Maduro deixe o poder.

Juan Guaidó cumprimenta apoiadores depois de sessão da Assembleia Nacional em praça da capital venezuelana Foto: YURI CORTEZ / AFP

Até agora, Washington tem focado em exercer pressão econômica e diplomática contra Maduro enquanto evita abordar qualquer tipo de ação militar Os EUA e a maioria dos países ocidentais reconhecem o líder político opositor Juan Guaidó como presidente da Venezuela.

 

Bloqueio visa 'proteger venezuelanos', diz Guaidó

O líder opositor Juan Guaidó, reconhecido pelos Estados Unidos como presidente interino da Venezuela, garantiu nesta segunda-feira que o bloqueio imposto por Washington ao governo de Maduro busca "proteger os venezuelanos".

Publicidade

"A ação é consequência da soberba de uma usurpação inviável e indolente. Aqueles que a mantêm, beneficiando-se da fome e da dor dos venezuelanos, devem saber que há consequências", escreveu Guaidó no Twitter. / AFP

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.