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Países iniciam ofensiva para impedir teste com míssil norte-coreano

Austrália, Estados Unidos, Japão e Nova Zelândia ameaçaram retaliar o governo da Coréia do Norte e levar o caso ao Conselho de Segurança da ONU

Por Agencia Estado
Atualização:

Os oponentes a um possível teste de míssil de longo alcance pela Coréia do Norte elevaram nesta segunda-feira o tom de sua ofensiva diplomática a fim de impedir o lançamento. Os países ameaçaram retaliações caso o teste seja realizado. Austrália, Estados Unidos, Japão e Nova Zelândia alertaram ao empobrecido país asiático que não leve a cabo um eventual teste do míssil Taepodong-2, pois tal iniciativa traria "graves conseqüências" e isolaria ainda mais o regime. Informações obtidas por serviços de espionagem dão conta de que a Coréia do Norte realizou movimentos para testar um míssil de longo alcance que seria capaz de alcançar os Estados Unidos. O governo norte-coreano nada declarou sobre o possível lançamento até o momento, mas recentemente prometeu reforçar seu poder militar de prevenção a eventuais ataques a seu território. Nesta segunda-feira, a imprensa sul-coreana e japonesa indicaram que o comando militar da Coréia do Norte não realizou testes do míssil Taepodong-2 por razões meteorológicas. Por isso, o lançamento poderia acontecer nas próximas horas ou dias. Segundo fontes dos serviços secretos, as últimas fotografias feitas por satélites-espiões dos EUA mostram que o míssil já recebeu combustível e, portanto estaria pronto para ser lançado. Caso a informação seja verdadeira, a Coréia do Norte terá uma janela de lançamento de aproximadamente um mês. Diferentemente de outros passos preparatórios identificado pelos EUA, o processo de abastecimento com combustível é muito difícil de ser revertido, e indica que o teste será realizado, disseram fontes anônimas da administração americana. Segundo as fontes, os Estados Unidos acreditam que a Coréia do Norte tem apenas a intenção de realizar um teste e não de disparar o míssil como um ato de guerra. Ainda assim, o lançamento seria considerado uma violação do compromisso assinado pela Coréia do Norte em 1999. O teste provavelmente será realizado sobre a água e não em terra firme e pode ocorrer durante o dia. "Os Estados Unidos provavelmente saberão em segundos que o lançamento ocorreu", disse um funcionário do governo americano que não quis se identificar". O porta-voz do Pentágono, Bryan Whitman não comentou sobre a indicação da inteligência americana de que os coreanos estariam se preparando para um possível lançamento de míssil. Whitman afirma que o Pentágono utiliza o termo "lançamento" ao invés de teste por causa da possibilidade de que o governo norte coreano tenha intenções hostis. Whitman não informou se o governo americano pretende ativar um sistema de defesa de mísseis caso a Coréia do Norte realize o lançamento. Apesar do míssil Taepodong 2 ter a capacidade de alcançar a costa oeste americana, muitos especialistas acreditam que a Coréia do Norte ainda está longe de aperfeiçoar a tecnologia que tornaria o míssil preciso e capaz de transportar uma carga nuclear. Advertências O Japão advertiu à Coréia do Norte que responderá com firmeza ao eventual lançamento de um míssil de longo alcance. "Estamos nos esforçando para que a Coréia do Norte aja racional e cautelosamente", declarou nesta segunda-feira o primeiro-ministro do Japão, Junichiro Koizumi. "Se o governo norte-coreano não nos ouvir e disparar o míssil, teremos de consultar os Estados Unidos e tomar duras medidas", prosseguiu o chefe de governo japonês. Koizumi recusou-se a especificar quais seriam as "duras medidas", mas fontes no governo japonês mencionaram possíveis sanções e um apelo ao Conselho de Segurança (CS) da Organização das Nações Unidas (ONU). Por sua vez, o embaixador dos EUA em Tóquio, Thomas Schieffer, alegou que as sanções também são uma opção, mas não quis comentar quais medidas viriam a ser tomadas. O ministro de Exteriores australiano, Alexander Downer, advertiu nesta segunda-feira à Coréia do Norte de que seu plano de lançar um míssil de longo alcance é uma provocação que só servirá para isolar ainda mais o país. "Esta ação poderia ser altamente provocativa e isolaria ainda mas a República Democrática da Coréia", alegou Downer, que explicou que comunicou a posição de seu governo ao embaixador norte-coreano em Canberra. O ministro acrescentou que o teste de um míssil intercontinental viola os compromissos internacionais assinados pela Coréia do Norte em 1999 e ratificados em 2002. Downer também pediu ao Governo norte-coreano que reinicie as negociações com Coréia do Sul, EUA, Japão, China e Rússia destinadas a suspender seu programa nuclear.

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