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Países muçulmanos querem que ONU discuta tolerância religiosa

Sete igrejas foram incendiadas na Palestina, enquanto alguns líderes islâmicos querem pedido formal de desculpa do papa

Por Agencia Estado
Atualização:

Países islâmicos pediram ao Conselho de Direitos Humanos da ONU que examinasse a questão sobre tolerância religiosa, na segunda-feira, dizendo que os comentários do papa Bento XIV sobre o Islã ameaçam afastar o mundo muçulmano do Ocidental. Masood Khan, embaixador do Paquistão nas Nações Unidas, em Genebra, "reafirmou que o papa tem expressado arrependimento, distanciou-se do texto que causou tanta ofensa e renovou seu convite para um diálogo justo e sincero". Mas Khan disse ao Conselho, uma espécie de fiscalizador de direitos humanos da ONU, que "o depoimento foi lamentável e mostrou a falta de compreensão sobre o Islã e seu profeta". O embaixador complementou que "Tal tendência também ameaça uma profunda alienação entre o Ocidente e o mundo islâmico e fere os contínuos esforços para promover diálogo e harmonia entre religiões". Ele pediu que o conselho cedesse algum tempo durante sua reunião, aberta na segunda-feira, para que possam ser tratadas "questões de tolerância religiosa e assuntos relacionados". O conselho se reúne até dia seis de outubro. "Relacionar o Islã com violência é negar os princípios básicos de uma fé praticada por 15 séculos e a qual agora tem mais de um bilhão de seguidores - que são um quinto da humanidade". No domingo, o papa Bento XIV disse "sentir muito" que seu discurso semana passada na Universidade de Regensburg, na Alemanha, tenha ofendido muçulmanos e relatou que o texto medieval citado por ele não expressava suas próprias opiniões. Ataques a igrejas Tem havido muita raiva devido ao discurso de Bento XIV. Duas igrejas foram incendiadas na Cisjordânia, aumentando para sete o número de igrejas atacadas em áreas palestinas no fim de semana, supostamente devido à indignação quanto ao discurso papal. Há também a preocupação de que o furor esteja por trás da morte de uma freira missionária italiana, no hospital onde trabalhava durante anos, na Somália. Ela foi baleada apenas horas depois de um clérigo somali ter condenado os comentários do papa. A expressão de arrependimento de Bento acalmou alguns líderes, mas outros ainda exigiam um pedido de desculpas pelas palavras, inclusive na Turquia, onde dúvidas são levantadas sobre se o papa deve ir em frente com uma visita agendada para novembro, como a primeira visita de seu papado a um país predominantemente muçulmano.

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