Países restringem entrada de refugiados iraquianos

Segundo estimativas do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur), já há cerca de 2 milhões de nascidos no Iraque fora do país

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Por Agencia Estado
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Milhares de iraquianos continuam a fugir do Iraque com medo da violência, mas há sinais de que as portas estão se fechando nos países do Oriente Médio que até agora absorveram a maior parte dos refugiados. Segundo estimativas do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur), já há cerca de 2 milhões de iraquianos fora do país, a grande maioria na Síria (quase um milhão) e na Jordânia (quase 700 mil). Aqui no Egito a ONU acredita haver entre 20 mil e 80 mil refugiados iraquianos. ?Ainda estamos investigando exatamente quais foram as novas instruções dadas pelos governos destes três países (Síria, Jordânia e Egito) mas nosso pessoal de campo relata que há novos procedimentos nas fronteiras dificultando a entrada de refugiados iraquianos?, disse de Aman a porta-voz regional do Acnur, Abeer Atefa. De acordo com ONGs e testemunhos de iraquianos, os governos da Jordânia e do Egito não admitem mais iraquianos como refugiados e só os deixam entrar em seus territórios agora com vistos de turista, de pouca duração. O alto comissário da ONU para refugiados, Antonio Guterres, realiza nesta semana em uma viagem por quatro países do Oriente Médio para discutir a entrada de refugiados iraquianos nas nações vizinhas e avaliar as condições de vida deles nos novos países de residência. Ilegais Muitos iraquianos acabam tendo que sobreviver trabalhando ilegalmente. Embora as autoridades ainda estejam fazendo vista grossa, a situação irregular e incerta dificulta a vida de quem precisa trabalhar para sobreviver e sustentar a família em um país estranho. O iraquiano sunita Mahmoud era dono de uma loja em Bagdá. Depois que o irmão dele foi morto em um atentado a bomba há cerca de seis meses, Mahmoud decidiu buscar refúgio no Egito. Aqui ele voltou a ser empregado e mora em um quartinho na própria padaria em que trabalha. ?Se eu estivesse em casa estaria trabalhando para construir um futuro melhor. Como refugiado só trabalho para sobreviver no dia a dia?, reclama. Mahmoud é um dos milhares de refugiados iraquianos que escolheram o município de Seis de Outubro - um subúrbio relativamente bem arborizado e organizado da Grande Cairo - para viver. Mercado Imobiliário A cidade se tornou o local preferido dos iraquianos no Egito e corretores locais de Seis de Outubro dizem que o mercado imobiliário chegou a ficar aquecido pelo afluxo de novos clientes procurando casa. ?Apartamentos que eram alugados por 1.000 libras egípcias por mês (cerca de R$ 500) hoje quadruplicaram de preço. E há muitos iraquianos que vêm com mais dinheiro para o Egito e estão comprando casas aqui em Seis de Outubro?, diz o corretor Essam al-Husseini. Num bairro da cidade um refugiado iraquiano abriu há cerca de dois meses a cafeteria Shako Maku, que no dialeto árabe iraquiano significa ?o que há de novo??. Rapidamente o local se tornou ponto de encontro da comunidade: um local para fumar narguilé, tomar chá, descobrir novidades e conversar de política. ?Todo mundo quer voltar para casa mas as pessoas que vêm aqui sabem que vão ter que passar ainda alguns anos, pelo menos, aqui no Egito. Eu já sei?, diz o filho do dono da cafeteria Shako Maku, Omar al-Baghdadi, de 20 anos. include $_SERVER["DOCUMENT_ROOT"]."/ext/selos/bbc.inc"; ?>

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