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Palestino morre em explosão da cabine telefônica

Por Agencia Estado
Atualização:

Um destacado militante palestino foi morto nesta quinta-feira na explosão de uma bomba plantada no telefone público que ele regularmente usava na Cisjordânia. A cabine ficava na rua onde ele estava detido numa prisão palestina. Palestinos imediatamente acusaram Israel pelo assassinato, que ocorreu um dia depois que os dois lados mantiveram conversações "argumentativas" e inconclusivas sobre o fim de mais de seis meses de violência. Israelenses e palestinos também trocaram ríspidas acusações sobre um incidente no qual um comboio de quatro veículos transportando chefes de segurança palestinos foi atingido por vários disparos de soldados israelenses quando eles retornavam para Gaza na madrugada desta quinta-feira depois de conversações em Israel. Os palestinos acusaram Israel de tentar matar os oficiais. Israel insistiu em que os palestinos abriram fogo primeiro, provocando a resposta de seus soldados. O tiroteio e as recriminações refletem o endurecimento de posições de ambos os lados do conflito, que tem sido marcado por atentados suicidas a bomba de palestinos, ataques aéreos israelenses e verdadeiras batalhas campais nas últimas semanas. Na cidade de Jenin, Cisjordânia, Iyad Hardan, 30 anos, um destacado militante do grupo radical Jihad Islâmica, morreu instantaneamente quando explodiu a bomba enquanto ele falava na cabine telefônica que sempre usava, logo do lado de fora de sua cela palestina, disseram testemunhas. Israel não comentou imediatamente a explosão, mas o acusou de ser um dos mais perigosos membros da Jihad Islâmica e arquiteto de grandes ataques a bomba contra o Estado judeu. Sem assumir diretamente a responsabilidade de Israel, o primeiro-ministro Ariel Sharon afirmou que seu governo conduzirá um constante combate contra o terrorismo. "Às vezes anunciaremos o que fizemos, às vezes não", disse ele durante uma reunião política em Tel Aviv. Hardan havia escapado de uma cadeia palestina em outubro, nos primeiros dias do levante palestino. Depois de perseguido, ele voltou a ser preso pelos palestinos, mas foi novamente libertado em novembro. O Estado judeu afirma que ele então orquestrou um atentado a bomba em dezembro no norte de Israel que matou dois israelenses e feriu 60. Hardan foi detido novamente pelos palestinos, mas tinha permissão de fazer saídas da prisão. Ele foi na manhã desta quinta-feira a uma universidade em Jenin, onde estudava história, retornando para sua cela à tarde. Mas antes de entrar, ele parou para fazer uma chamada da cabine que normalmente usava, a poucos passos do prédio da cadeia, que também abriga escritórios da Autoridade Palestina. "Ele sabia que era um alvo dos israelenses", disse Abedil Izzedine, companheiro de cela de Hardan. Mas ele acreditava que a cabine era segura porque policiais palestinos guardavam o local. Milhares de revoltados palestinos se dirigiram ao hospital de Jenin para onde foi levado o corpo de Hardan. Eles promoveram uma manifestação espontânea, gritando "Deus é Grande" e alguns fazendo disparos para o ar. Nos últimos seis meses de violência, Israel já executou mais de uma dúzia de assassinatos de palestinos acusados de envolvimento em ataques contra israelenses. Os controvertidos assassinatos fizeram parte da acalorada discussão entre israelenses e palestinos na noite desta quarta-feira, promovida na residência, em Tel Aviv, do embaixador americano em Israel, Martin Indyk. Depois que as conversações terminaram sem um acordo, a delegação palestina foi levada para o cruzamento entre Israel e Gaza em veículos da embaixada dos EUA. Assim que os palestinos trocaram para seus próprios carros no cruzamento, os disparos começaram. Os dois lados dizem que o outro atirou primeiro. Todos os quatro veículos palestinos foram atingidos por tiros, e um guarda-costas foi ferido na perna. Quando os palestinos aceleraram seus carros, um deles capotou e dois guarda-costas tiveram membros quebrados. Os israelenses disseram que suas posições foram atingidas por disparos palestinos e propuseram uma investigação conjunta. Os palestinos negaram ter atirado e rejeitaram a oferta de investigação. Também nesta quinta-feira um palestino de 15 anos foi morto a tiros, e nove outros ficaram feridos em confrontos com tropas israelense no centro da Faixa de Gaza. Centenas de palestinos jogavam pedras e coquetéis molotov contra os soldados, que responderam com tiros de munição real, balas de aço revestidas de borracha, e gás lacrimogêneo. Em seis meses de violência, 460 pessoas já foram mortas - 377 palestinos, 64 judeus israelenses e 19 outros.

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