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Palestinos colhem azeitonas temendo ataques

Por Agencia Estado
Atualização:

Ataques violentos de colonos judeus ameaçam uma das poucas atividades econômicas que ainda sustentam os palestinos: a colheita de azeitonas. Com machados, fuzis, pedras e fogo, judeus que ergueram postos avançados em colinas próximas impedem o trabalho vital para a sobrevivência desses vilarejos, cortando e queimando árvores e agredindo palestinos. "Eles querem tomar nossa terra, nos empobrecer", disse Musla Jaber, homem com um curativo na cabeça, ferimento provocado, segundo ele, por uma pedrada. Palestinos e grupos de direitos humanos têm relatado perturbações diárias feitas por colonos judeus contra apanhadores de azeitona desde que a colheita teve início, neste mês. Depois de expulsar os agricultores, os colonos têm roubado escadas e saqueado as colheitas, e apanhado as azeitonas para si próprios. Para os palestinos, cuja economia está em colapso desde que foi lançado um levante contra a ocupação israelense há dois anos, a colheita de azeitonas é essencial para a sobrevivência de suas famílias. A colheita está no centro de sua história e religião. As árvores, com seus troncos retorcidos, são citadas no livro sagrado islâmico, o Corão, como uma bênção de Deus. Mas este ano parece que as árvores trouxeram apenas maldição. Izzedine Jaber, de 44 anos, está tão amedrontado que quando sai para a colheita mantém seu carro nas proximidades, para poder fugir correndo ao primeiro som de disparo. Um parente dele foi agredido tão brutalmente que os médicos foram obrigados a retirar-lhe um olho. Mais de 200 mil colonos judeus vivem agora em enclaves construídos na Cisjordânia e Faixa de Gaza - territórios onde moram mais de 3 milhões de palestinos. Em dois anos de violência, palestinos armados já mataram mais de 100 colonos judeus, a maioria em ataques a tiros. Colonos têm sido acusados da morte de pelo menos uma dúzia de palestinos, e da destruição de propriedades. O Conselho dos Colonos, uma reunião de grupos dessas comunidades, condena a violência contra palestinos, garantiu o porta-voz Ezra Rosenfeld. Mas ele acredita que as denúncias de ataques são exageradas. A polícia de Israel reagiu a vários ataques contra os agricultores que trabalham nas oliveiras, segundo o porta-voz policial Gil Kleiman. Em 6 de outubro, Hani Minyeh, de 22 anos, que trabalha numa mercearia na vila de Aqraba, correu para ajudar agricultores a defenderem suas árvores de ataques de colonos e foi morto a tiros, denunciou seu amigo Izzedine Jaber. A polícia apreendeu seis armas, prendeu um colono judeu e interrogou outros seis, lembrou Kleiman, o porta-voz policial. Todos os detidos foram liberados e nenhuma acusação formal foi apresentada, acrescentou. A polícia está promovendo exames de balística para determinar a arma que matou Minyeh. "Estamos investigando com seriedade", disse Kleiman. Palestinos reclamam que as forças de segurança israelenses atendem apenas os colonos. "Eles conseguem ocupar todo nosso país mas não podem proteger um agricultor (palestino) indo ao campo?", perguntou o ministro da Agricultura palestino, Rafiq Al-Natashah, sobre as forças israelenses. Com as indústrias e o turismo em pedaços, a colheita de azeitonas representa hoje 10% do Produto Interno Bruto palestino, segundo Al-Natashah. As azeitonas constituem hoje 25% de todas as exportações palestinas.

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