Palestinos enterram quatro mortos

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

Milhares de palestinos participaram hoje do enterro de quatro palestinos mortos na explosão de uma bomba, enquanto milhares de policiais e soldados israelenses em alerta contra ataques palestinos, guardavam os israelenses em seu Dia da Independência. Dezenas de encapuzados dispararam fuzis para o ar enquanto palestinos carregavam os corpos dos quatro palestinos, cobertos com mantos brancos devido às mutilações causadas pela explosão, pelas ruas de Rafah. Cerca de 8.000 pessoas acompanharam a marcha fúnebre, gritando palavras de ordem antiisraelenses e queimando bandeiras de Israel e dos Estados Unidos. Os quatro, entre eles Ramdan Azam, líder do grupo Resistência Popular, foram mortos quando uma bomba explodiu nas proximidades da fronteira de Gaza com o Egito. No enterro, palestinos disseram que a explosão foi uma operação israelense visando matar membros do grupo. Eles afirmaram que a bomba foi plantada num bloco de concreto usado para marcar o lado israelense de uma estrada fronteiriça. Palestinos disseram que desde o início da atual onda de violência em 28 de setembro, Israel assassinou pelo menos outros 15 ativistas palestinos. Um porta-voz do grupo, associado à organização Fatah, do líder palestino Yasser Arafat, afirmou que os ativistas iam plantar uma bomba para parar tanques israelenses, quando forças de Israel explodiram outra bomba que os matou. A rádio militar israelense divulgou que a bomba que os palestinos carregavam explodiu prematuramente, matando-os. Um porta-voz disse que o Exército israelense não tinha nada a ver com a bomba. Numa celebração hoje do Dia da Independência, um repórter da tevê israelense perguntou ao ministro da Defesa Binyamin Ben-Elizer se Israel estava envolvido na explosão. "Não tenho a menor idéia do que você está falando", replicou ele, "mas eu posso dizer que estamos travando uma amarga luta contra o terrorismo". Um panfleto da Resistência Popular ameaçou que o grupo vai retaliar fazendo disparos de morteiro contra alvos israelenses, apesar de Arafat tem ordenado o fim de tais ataques. Mais cedo hoje, soldados israelenses mataram a tiros um palestino que ultrapassou uma cerca e entrou em Israel, informou o Exército israelense. Os israelenses disseram que ele ignorou disparos de advertência e ordens para parar. Os palestinos afirmam que o homem, um agricultor, foi morto enquanto trabalhava sua terra em Gaza. Outro palestino morreu de ferimentos sofridos em confrontos com tropas israelenses há dois meses em Khan Yunis. Ele estava sendo tratado num hospital do Cairo. Tanques israelenses bombardearam a cidade palestina de Beit Jalla na noite de quarta-feira, depois que pistoleiros dispararam contra a vizinhança judaica de Gilo numa disputada parte de Jerusalém. Oito residências foram danificadas. Samer Nazal, vistoriando os danos sofridos por sua casa, perguntou com lágrimas nos olhos: "O que meus filhos fizeram para ter seus quartos bombardeados?" Nos cerca de sete meses de confrontos, 418 pessoas já morreram no lado palestino e 70 no lado israelense. Devido a uma recente onda de ataques com bombas, um grande número de policiais, reforçados por soldados, foram convocados para patrulhar cidades e locais de piquenique enquanto os israelenses celebravam o Dia da Independência. Não foram registrados incidentes. A administração do presidente dos EUA, George W. Bush, mostrou sinais do profundo envolvimento nas gestões de paz no Oriente Médio, depois da demonstração inicial de que pudesse voltar atrás com os trabalhos intensivos de seu predecessor Bill Clinton. Hoje, o secretário de Estado dos EUA, Colin Powell, afirmou: "Temos várias coisas sendo trabalhadas agora para que a situação da segurança seja estabilizada, levando a uma diminuição da violência". Revertendo uma decisão de manter a CIA fora dos contatos entre Israel e palestinos, a administração afirmou que a agência de inteligência está trabalhando para facilitar as coisas agora. Oficiais dos EUA promoveram o encontro de vários comandantes israelenses e palestinos com o objetivo de restaurar a cooperação entre os dois lados.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.