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Palestinos explodem tanque e atacam patrulha

Por Agencia Estado
Atualização:

Palestinos explodiram um tanque de guerra israelense em Gaza, mataram dois soldados numa emboscada e tentaram entrar com um carro-bomba com mais de meia tonelada de explosivos em Israel nesta quinta-feira, em meio a um estado de alerta máximo. Militantes qualificaram os ataques como retaliação ao assassinato de civis por militares israelenses. Em Tel Aviv, Marwan Barghouti, um líder do movimento político Fatah, começou a ser julgado por acusações de homicídio, tentativa de homicídio e terrorismo. Ele é a mais importante autoridade palestina a ser levada a uma corte civil israelense. Israel o acusa de orquestrar atentados que causaram a morte de 26 israelenses. Vestindo um uniforme marrom de detento, Barghouti assumiu sua defesa para ressaltar sua rejeição à permissão para que uma corte israelense o julgue. "Quem deveria estar sentado no banco dos réus é o governo de Israel", declarou Barghouti, em hebraico fluente, a um painel de três juízes. Ele destacou que é um político eleito por seu povo e que luta para conseguir a paz entre as duas nações. Quando a presidente do júri, Sarah Zerota, comentou que "quem luta pela paz não arma bombas", Barghouti respondeu apenas: "Não quero entrar neste assunto." Em outros desdobramentos, a polícia de Israel entregou comunicados de demolição de casa a quatro árabes de Jerusalém suspeitos de planejar ou realizar ataques que mataram 36 pedestres, entre eles um atentado em 31 de julho contra a lanchonete de uma faculdade de Jerusalém. Sigal Toledo, porta-voz da polícia, disse que os quatro têm 48 horas para apelar à Suprema Corte e tentar impedir a demolição de suas residências. Ainda nesta quinta-feira, militantes palestinos mataram dois compatriotas suspeitos de colaborar com o serviço secreto israelense. As Brigadas dos Mártires de Al-Aqsa, ligadas à Fatah, assumiram a responsabilidade pelos assassinatos. Em reação a ataques realizados nesta quinta-feira em Gaza, o ministro da Defesa de Israel, Binyamin Ben-Eliezer, disse, durante reunião do Partido Trabalhista, que o Estado judeu não devolverá aos palestinos o controle sobre a segurança na Faixa de Gaza, como já deveria ter sido feito em cumprimento a um acordo finalizado em agosto, disse seu porta-voz. Em acordos interinos assinados durante a década de 90, Israel entregou cerca de dois terços de Gaza à Autoridade Palestina, mas o Exército judeu retomou parte desta área durante os últimos dois anos de conflito. O acordo de 18 de agosto procurava amenizar a tensão. Parte do território de Gaza e a cidade cisjordaniana de Belém seria devolvida aos palestinos. Israel transferiu o controle sobre a segurança de Belém em 20 de agosto, mas não retirou nenhum de seus soldados estacionados em Gaza. Os israelenses ficaram impressionados com o atentado evitado na manhã desta quinta, quando voluntários ajudaram policiais a localizar dois carros que viajavam por uma estrada próxima à Cisjordânia, já dentro de Israel. Após uma breve perseguição, os motoristas abandonaram os veículos e fugiram. A polícia encontrou uma bomba de 600 quilos dentro de uma caminhonete. Uma grande nuvem de fogo e fumaça subiu aos céus quando o esquadrão antibombas detonou a caminhonete num campo aberto. Uma bomba como esta - maior do que qualquer outra usada pelos palestinos no atual conflito - seria capaz de derrubar um prédio grande ou destruir um shopping center, disseram funcionários. O ministro israelense das Relações Exteriores, Shimon Peres, comentou que "se a bomba tivesse sido detonada em alguma cidade israelense, haveria tamanha perda de vidas que toda a situação política mudaria de um instante para outro". A tentativa de ataque ocorreu em meio a um enorme esforço de segurança, num momento em que os israelenses se preparam para o ano-novo judaico, um feriado de dois dias que será iniciado na noite de sexta-feira. O tenente-coronel Olivier Rafowicz, porta-voz do Exército de Israel, disse que as rígidas restrições impostas aos palestinos seriam ainda mais reforçadas durante o feriado. O ataque contra o tanque em Gaza foi uma operação em dois estágios iniciada durante a noite com um ataque de foguetes, informou o Exército. As forças israelenses isolaram o local. Durante a manhã, forças israelenses entraram para vasculhar o local, disse o comandante da unidade, major Assaf Liberti. Um tanque andava pelo local quando uma grande bomba explodiu. O condutor morreu na hora e dois soldados ficaram presos no interior do veículo armado. Foram necessárias cinco horas para resgatar os dois sobreviventes do tanque em chamas. Liberti calcula que a bomba tinha mais de 100 quilos. Este foi o terceiro tanque Merkava, de fabricação israelense, destruído pelos palestinos em Gaza em quase dois anos de conflito. Perto do mesmo horário, às 8h30 locais, um pistoleiro palestino aproximou-se de uma estrada utilizada por soldados israelenses no norte da Faixa de Gaza e abriu fogo contra um jipe. Um oficial morreu e um soldado ficou ferido. Segundo o Exército, forças israelenses caçaram o pistoleiro e o mataram.

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