Palestinos frustrados podem atacar alvos americanos

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Por Agencia Estado
Atualização:

Palestinos frustrados podem promover ataques suicidas contra interesses dos Estados Unidos devido ao apoio dado por Washington a Israel, afirmou hoje o ex-presidente iraniano Hashemi Rafsanjani, enquanto milhares de pessoas em todo o Oriente Médio compareciam a manifestações marcando a importância de Jerusalém, a cidade sagrada disputada por muçulmanos e judeus. Rafsanjani também disse a fiéis durante um sermão que o Ocidente deve fazer mais para conter a escalada de violência israelense-palestina ou enfrentará uma "terceira guerra mundial". Rafsanjani, presidente iraniano entre 1989 e 1997, disse que Washington tem de parar de pressionar os palestinos e apoiar Israel por temor de "um dia, em que palestinos exaustos, abraçando o martírio, decidirem atingir seus interesses vitais em todo o mundo". Rafsanjani classificou os Estados Unidos de "arrogantes" e disse que os ataques de 11 de setembro "deveriam servir de lição". No Líbano, o líder do grupo militante Hezbollah, apoiado pelo Irã, exortou os palestinos a continuarem com atentados suicidas a bomba contra civis israelenses. "Atos de suicídio são a arma que Deus deu a essa nação (Palestina) e ninguém pode tirá-la de nós", disse o xeque Hassan Nasrallah durante uma cerimônia marcando o Dia de Jerusalém, um dia declarado pela primeira vez em 1979 pelo então líder espiritual do Irã, aiatolá Ruhollah Khomeini. "Eles podem nos tirar as armas, tanques e aviões, mas eles não podem remover nosso espírito que tem saudade do martírio", afirmou Nasrallah, cujo grupo foi declarado terrorista por Washington. Atacantes suicidas e atiradores palestinos promoveram recentemente diversos atentados que mataram muitos israelenses. Washington condenou os atos e deu luz verde para Israel retaliar. Muitos no Oriente Médio consideram que os Estados Unidos se posicionam a favor de Israel - um sentimento que foi reforçado pelas exigências americanas de que o líder palestino Yasser Arafat se esforce mais para conter a recente onda de violência. As ruas de Teerã foram fechadas ao tráfego e ficaram repletas de manifestantes. A televisão estatal divulgou que milhões de pessoas participaram do Dia de Jerusalém em todo o país. Manifestantes em Teerã gritavam "Morte a Israel", " Morte à América", enquanto outros queimavam um boneco representando o primeiro-ministro israelense, Ariel Sharon, vestido com uma faixa onde se lia "criminoso". Líderes políticos, entre eles o presidente reformista Mohammad Khatami e o único legislador judeu do Parlamento, compareceram à manifestação em Teerã. Gholamreza Alizadeh, uma escriturária de 36 anos, disse que as passeatas eram um protesto contra a violência israelense e o apoio dos EUA a Israel. "Dizemos morte ao terrorista Israel porque ele usa helicópteros de combate para matar mulheres e crianças palestinas em suas casas. Dizemos morte à América porque a administração americana apóia cegamente o terrorismo israelense", afirmou. No Líbano, milhares de pessoas compareceram a uma manifestação convocada pelo Hezbollah em Beirute, entre elas centenas de membros do grupo militante vestindo uniformes pretos e bandanas vermelhas com frases como "Jerusalém, estamos chegando". "Não há civis na sociedade israelense. São todos invasores, ocupantes e usurpadores de terra. Eles são todos comparsas no crime e massacre", afirmou o líder do Hezbollah, Nasrallah. Na Síria, cerca de mil pessoas promoveram uma passeata pelas ruas do campo de refugiados palestinos al-Yarmouk, nos arredores da capital, Damasco, exortando o grupo extremista Hamas a continuar com ataques suicidas à bomba contra alvos israelenses. Num discurso aos manifestantes, um chefe do Hamas, Khaled Mashaal, pediu aos países árabes para suspenderem mediações entre Israel e os palestinos, e no lugar enviarem armas para os palestinos. Na Jordânia, cristãos promoveram missas de orações e jejum em solidariedade aos muçulmanos no fim do mês sagrado de jejuns, o Ramadã. O Conselho das Igrejas na Jordânia divulgou um comunicado exortando os fiéis a orarem "pelo fim da opressão e da agressão contra palestinos muçulmanos e cristãos na Terra Santa". O Dia de Jerusalém coincide com a última sexta-feira do Ramadã.

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