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Palestinos pedem a Bush que reconsidere garantias a Israel

Por Agencia Estado
Atualização:

O primeiro-ministro da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Ahmed Qureia, pediu ao presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, que reconsidere seu reconhecimento tácito aos assentamentos judaicos na Cisjordânia. Em uma carta a Bush, Qureia também alertou que o plano israelense de retirada da Faixa de Gaza transformaria a região em uma "imensa prisão", já que Israel manteria o controle sobre a costa, o espaço aéreo e os entroncamentos de fronteira depois de retirar-se da região. Qureia pediu ainda a retomada das negociações de paz. Em uma reunião com o primeiro-ministro de Israel, Ariel Sharon realizada na semana passada em Washington, Bush aceitou que o Estado judeu mantenha cinco de suas maiores colônias na Cisjordânia em um futuro acordo de paz. A declaração de Bush representou uma drástica mudança em uma política mantida havia décadas pelos Estados Unidos, que antes consideravam as colônias judaicas um obstáculo para a paz no Oriente Médio. Bush também acatou a visão israelense de que os milhões de refugiados palestinos e seus descendentes não devem ser reassentados em Israel. As concessões de Bush a Israel com relação a dois dos mais sensíveis pontos do conflito no Oriente Médio enfureceram os palestinos. "Eu respeito sua determinação em encontrar uma forma de solucionar o conflito entre israelenses e palestinos e espero que você reconsidere as novas garantias feitas pela administração americana ao governo israelense", escreveu Qureia. De acordo com o primeiro-ministro da ANP, as concessões de Bush "aceitam que os assentamentos mudem o resultado de negociações de temas permanentes como as fronteiras, permitindo a Israel que continue criando fatos consumados". Depois de meses de impasse nas negociações de paz, Sharon apresentou uma proposta unilateral que prevê uma retirada total da Faixa de Gaza como parte de um plano de "desengajamento" para separar israelenses e palestinos. Sharon alega ser impossível chegar a um acordo com os atuais líderes palestinos, a quem acusa de "patrocinar o terrorismo". Bush apoiou o plano de desengajamento na semana passada. Em sua carta, Qureia alerta que o plano transformaria Gaza em uma prisão. "Israel continuaria controlando as fronteiras, o espaço aéreo e as águas territoriais da Faixa de Gaza. Isso impede o potencial da Faixa de Gaza para transformar-se no modelo de um futuro Estado palestino." Qureia reafirmou que a ANP continua comprometida com o processo de paz e está pronta para retomar as negociações a partir dos termos estabelecidos em Taba, Egito, no início de 2001. As negociações em Taba geraram acordos sobre diversas questões polêmicas, mas desabaram em meio a divergências com relação ao destino dos refugiados palestinos e à partilha de Jerusalém.

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