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Palestinos preveem retaliação americana, diz pesquisa

Levantamento feito na Cisjordânia e em Gaza mostra que 83% apoiam pedido de admissão, e 35% querem luta armada

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Por Lourival Sant'Anna
Atualização:

A maioria dos palestinos prevê retaliações por parte dos EUA e de Israel por causa da proclamação do Estado palestino. Mesmo assim, a medida tem amplo apoio na Cisjordânia e na Faixa de Gaza. Ainda que sejam contrários à luta armada, os palestinos querem que a Autoridade Palestina (AP) assuma o controle total sobre a Cisjordânia e sobre o posto de Allenby, na fronteira com a Jordânia, sabendo que Israel poderá reagir com força militar.

 

 

Os dados são de uma sondagem realizada entre os dias 15 e 17 e divulgada ontem pelo Centro Palestino para Pesquisas sobre Políticas e Opinião. A pesquisa, que ouviu 1.200 pessoas e tem margem de erro de 3 pontos porcentuais, mostra a saturação dos palestinos com a falta de resultados do processo de paz, iniciado há 18 anos em Oslo. De acordo com a sondagem, 83% apoiam o pedido à ONU de reconhecimento do Estado palestino, enquanto 74% acreditam que não tem sentido retomar negociações com Israel sem o congelamento da expansão dos assentamentos judaicos na Cisjordânia.

Como reação, 78% preveem que Israel suspenderá a transferência da receita dos impostos para a AP e tomará medidas adicionais para agravar as condições de vida dos palestinos nos territórios - como a instalação de mais postos de controle e a expansão dos assentamentos. Igualmente, 64% acham que os EUA reagirão suspendendo a ajuda anual de US$ 500 milhões à AP.O veto americano no Conselho de Segurança ao pedido palestino é previsto por 77% dos entrevistados, mas 58% acham que a maioria dos países europeus reconhecerá o novo Estado. A aceitação do Estado na ONU é esperada por 50%; outros 43% acham que não acontecerá agora. Depois do reconhecimento do Estado pela ONU, 75% dos palestinos querem que a AP exerça soberania sobre toda a Cisjordânia, mesmo que isso cause confrontos da AP com o Exército israelense e os colonos judeus. Apenas 35% dos palestinos apoiam o retorno da luta armada, enquanto 64% são contra. Em contrapartida, 61% defendem a "resistência popular, desarmada e não violenta". A pesquisa sugere que a iniciativa do presidente da AP, Mahmoud Abbas, aumentou o sua popularidade. Se a eleição presidencial - marcada para junho de 2012 - fosse hoje, Abbas, do Fatah, venceria com 59% dos votos. Ismail Haniyeh, do Hamas, que governa a Faixa de Gaza, teria 34%. Na pesquisa anterior, há três meses, Abbas tinha 54% e Haniyeh, 38%.

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