Palestinos protestam no aniversário de Israel

Criação do Estado judeu é lembrada como a ?catástrofe?; Abbas pede fim dos assentamentos na Cisjordânia

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Por REUTERS e AP E AFP
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Os palestinos lembraram ontem o 60º aniversário da criação de Israel com protestos e luto, enquanto o presidente americano, George W. Bush, saudava o Estado judeu como "a pátria para o povo escolhido", durante uma cerimônia em Jerusalém. A cerimônia para lembrar a "nakba" - a "catástrofe" representada pela criação de Israel - destacou a divisão entre o presidente da Autoridade Palestina, Mahmud Abbas, que tenta negociar um acordo de paz com Israel, e o Hamas, que se opõe às conversações. Cerca de 760 mil palestinos foram forçados ao êxodo após a criação do Estado de Israel, em 15 de maio de 1948. Israel tem rejeitado nas negociações de paz o retorno desses refugiados e seus descendentes, cerca de 5 milhões. Em Ramallah, Abbas fez ontem um apelo pela reconciliação e o fim dos assentamentos israelenses. Em um discurso divulgado por rádio e TV, Abbas declarou que Israel não poderá viver em segurança, enquanto continuar ocupando os territórios palestinos. "A segurança de Israel depende de nossa independência e nossa segurança. Só o fim da ocupação trará segurança." O presidente defendeu o fim do "drama humano" causado pela nakba e lembrou que, apesar desse "sofrimento", seu governo assumiu a opção estratégica em favor da paz. "Israel deve parar com seus projetos de assentamentos se realmente não quiser desperdiçar a oportunidade de alcançar a paz", disse, referindo-se à construção de novas casas na Cisjordânia. Estudantes marcharam em Ramallah com camisetas negras escritas "1948" nas costas e "não está à venda" na frente. Milhares de balões negros foram soltos na direção de Jerusalém, representando os dias que se passaram desde a criação de Israel. Na Faixa de Gaza, controlada pelo grupo islâmico Hamas desde junho, um grande protesto foi realizado contra o bloqueio israelense ao território, que já dura 11 meses. Forças de segurança do Hamas entraram em choque com membros do movimento Fatah - ligado ao governo de Abbas - que pretendiam fazer uma manifestação no campo de refugiados de Jabaliya.

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