Palestinos rebatem declarações de Sharon

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Por Agencia Estado
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O secretário de gabinete palestino, Ahmed Abdel Rahman, rejeitou nesta sexta-feira as declarações feitas ontem pelo primeiro-ministro de Israel, Ariel Sharon, de que os "palestinos não estão prontos para a paz". Em discurso transmitido pela televisão durante a formatura de uma turma do Colégio de Defesa de Israel, Sharon qualificou os líderes da Autoridade Palestina como um "bando de terroristas". Segundo Abdel Rahman, ao definir os líderes palestinos como pessoas contrárias à paz, Sharon "quer evitar que os norte-americanos cheguem a algum acordo com a delegação palestina enviada a Washington?. Uma missão de três ministros foi enviada pelo líder palestino Yasser Arafat a Washington, nesta semana, para discutir a situação nas regiões de Cisjordânia e Faixa de Gaza. "Se nós somos como Sharon diz, por que estamos nos Estados Unidos fazendo todos os esforços possíveis para chegar à paz?", questinou Rahman. Ele definiu o governo israelense como "uma coalizão de terroristas e um bando de assassinos". Num tom mais grave, o conselheiro de Arafat, Nabil Abu Rudeina, disse que as declarações do primeiro-ministro Sharon "têm como objetivo sabotar os esforços palestinos e aplicam-se perfeitamente a certos responsáveis israelenses, que poderiam muito bem ser julgados nos tribunais internacionais pelos crimes de guerra cometidos contra nosso povo". Segundo Rudeina, declarações como as de Sharon "prejudicam os esforços da comunidade internacional para relançar o processo político palestino-israelense". Para ele, as acusações do primeiro-ministro "demonstram as reais intenções de Sharon e de seu governo e explicam o fracasso das negociações sobre segurança". Reformas A delegação palestina que está em Washington, chefiada pelo negociador Saeb Erekat, reuniu-se ontem com a conselheira de Segurança Nacional de George W. Bush, Condoleezza Rice, e com o secretário de Estado dos EUA, Colin Powell. Amanhã, o novo ministro de Interior de Arafat deve se reunir com o diretor-geral da CIA - principal serviço secreto norte-americano - para discutir formas de melhorar as condições de trabalho do Ministério de Interior, responsável pela segurança nos territórios palestinos. Fontes ligadas ao governo norte-americano disseram hoje que uma equipe da CIA reuniu-se em segredo com funcionários palestinos e formularam um plano para reformas na segurança. O plano foi apresentado na semana passada ao governo Bush e recomenda profundas mudanças nas operações dos serviços palestinos de segurança. A equipe não se reuniu diretamente com Arafat. Diplomatas comentaram nesta sexta-feira que sérias divergências permaneceram depois de agentes da CIA terem se reunido com membros do governo de Israel e da Autoridade Palestina. Em entrevista concedida hoje ao canal de televisão árabe Al-Jazeera, Arafat descreveu as recentes conversações entre palestinos e americanos como "construtivas" e disse aguardar "resultados positivos" nos campos político, econômico e de segurança. Segundo ele, ficou acertado que especialistas em segurança de Estados Unidos, Egito e Jordânia treinarão as forças palestinas. Violência Nesta sexta-feira, um palestino de 40 anos foi assassinado por soldados israelenses que dispararam contra pessoas que violaram um toque de recolher no campo de refugiados de Tulkarem, na Cisjordânia. O Exército alega que os soldados dispararam contra "pistoleiros palestinos que atiraram primeiro". Em Qalqiliya, também na Cisjordânia, soldados detiveram Ibrahim Dahmas, um palestino de 22 anos que é militante do grupo islâmico Hamas e é acusado de planejar atentados. Dahmas tentou fugir quando os soldados o encontraram numa casa e abriram fogo. Ele ficou ferido no ombro. Em outro incidente, o Exército de Israel encontrou um cinturão de explosivos parecido com os utilizados por militantes suicidas para perpetrar atentados. Também hoje, fontes militares capturaram e interrogaram dois libaneses que tentaram entrar clandestinamente em Israel. Em 2000, o Estado judeu retirou seus soldados que ocupavam uma faixa territorial no sul do Líbano. Mas o governo de Beirute e os guerrilheiros do Hezbollah reclamam que Israel continua ocupando as Granjas de Chebaa, região volátil reivindicada pelo Líbano. Nos últimos meses, as autoridades libanesas vêm impedindo ações de militantes palestinos na fronteira para demonstrar que não querem mais guerra.

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