Palestinos reclamam de discriminação no país

PUBLICIDADE

Por BEIRUTE
Atualização:

O Líbano é o país árabe onde os palestinos têm menos direitos. Na Jordânia, eles são cidadãos comuns e compõem a maioria da população. Os refugiados na Síria são razoavelmente bem integrados à população. Os que foram para o Kuwait chegaram a fazer fortuna - até Yasser Arafat inabilmente ter apoiado a invasão iraquiana do país, em 1990, o que os obrigou a buscar refúgio em outros lugares. Os que vieram para o Líbano tiveram menos sorte - a não ser os que, por meio de conexões, conseguiram obter um passaporte libanês ou de algum outro país. Os palestinos são proibidos de exercer uma série de empregos. Têm enormes dificuldades para serem aceitos nas universidades públicas. Vivem em campos de refugiados que lembram favelas. Foram vítimas de massacres como o de Sabra e Chatila, em 1982. Parte dos libaneses os olha com desconfiança. E não há a menor perspectiva de voltarem para a terra dos seus avós. Por outro lado, podem carregar armas e administram os campos de refugiados. "Somos tratados como cachorros. Vem alguma ONG ou as Nações Unidas aqui e nos dão comida. É isso: comemos e dormimos", disse Hussein Rachal, 19, no campo de Badawi. O desempregado Ahmad Youssef, 36, diz que fica o dia todo no campo de refugiados, onde a única diversão é fumar narguile e ver jogos de futebol na TV. A maioria gostaria de simplesmente ter cidadania libanesa ou um "green card", com o qual poderiam exercer qualquer profissão, ainda que não votassem. O problema é que a quase totalidade dos refugiados palestinos no Líbano, estimados em 400 mil (cerca de 10% da população), é sunita. Se todos fossem naturalizados, o número de sunitas no país cresceria demais, afetando a frágil balança sectária libanesa.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.