JERUSALÉM - A rápida escalada da crise do coronavírus em Israel está agravando uma divisão religiosa dentro do estado judeu, com líderes ultraortodoxos acusando funcionários da área da saúde de discriminação e antissemitismo.
Enquanto o governo luta para conter o surto, rabinos judeus ultraortodoxos, ministros de gabinete e parlamentares têm resistido às tentativas de restringir as atividades em áreas ultraortodoxas, muitas focos da doença.
Entre os que enfrentam a ira dos ultraortodoxos, está Ronni Gamzu, um dos líderes da resposta das autoridades de saúde do país à pandemia. Por causa de sua atuação, ele foi apelidado de “czar” do governo.
Gamzu entrou em confronto com líderes religiosos após impor bloqueios em bairros com altas taxas de infecção, impedir uma peregrinação anual ao túmulo de um reverenciado rabino na Ucrânia e ainda obrigar que fossem feitos testes em milhares de estudantes estrangeiros que chegaram recentemente para frequentar as escolas religiosas judaicas, as chamadas yeshivas.
Na semana passada, Gamzu afirmou que 80% dos casos mais recentes de coronavírus ocorreram em bairros ultraortodoxos – o governo avalia mais restrições a essas regiões.
As tensões racharam o gabinete de emergência do coronavírus, órgão governamental que define as políticas públicas.
Na sexta-feira, um dia após Israel registrar 3.141 novos casos – o maior aumento per capita em um único dia desde o início da pandemia – as discussões do gabinete ficaram ainda mais inflamadas diante dos bloqueios propostos durante os feriados judaicos de Rosh Hashanah e Yom Kippur, no final do mês. / WP