Papa compara centros de refugiados a ‘campos de concentração’

Pontífice criticou, ainda, sociedades com baixo nível de natalidade que fecham portas para imigrantes: ‘suicídio’

PUBLICIDADE

Atualização:

ROMA - O papa Francisco comparou, neste sábado, 22, alguns centros de detenção de refugiados na Europa a “campos de concentração”, enquanto homenageava uma cristã desconhecida que foi assassinada por sua fé na frente do marido muçulmano. O pontífice pediu aos governos que retirem os migrantes e refugiados desses locais.

Papa Francisco durante Liturgia da Palavra com a comunidade de São Egideo, em comemoração aos "mártires modernos" dos séculos XX e XXI Foto: AFP PHOTO/POOL/MAURIZIO BRAMBATTI

PUBLICIDADE

"Esses campos de refugiados, muitos deles são campos de concentração, abandonados a povos generosos que os acolhem, que têm de passar esse peso para frente porque os acordos internacionais parecem ser mais importantes do que os Direitos Humanos", criticou o papa, durante uma cerimônia em memória dos mártires do século XX e XXI do Cristianismo.

Embora não tenha elaborado, parecia que o pontífice se referia a acordos que impedem os migrantes de cruzarem fronteiras. Em fevereiro, a União Europeia prometeu financiar campos de imigrantes na Líbia, em uma campanha para combater a imigração da África. Grupos humanitários criticaram os esforços para manter os migrantes na Líbia, onde eles sofrem detenção arbitrária, trabalho forçado, estupro e tortura, diz um relatório da ONU divulgado em dezembro do ano passado.

O pontífice recordou sua experiência durante uma visita a um campo de refugiados na ilha grega de Lesbos, em abril de 2016, onde conheceu o marido muçulmano e três filhos de uma cristã assassinada por terroristas devido à sua fé. Francisco disse que queria que a mulher fosse homenageada junto com os outros mártires na basílica de São Bartolomeu, em Roma.

“(O homem) me olhou e disse: ‘padre, eu sou muçulmano, minha mulher era cristã, e no nosso país chegaram os terroristas. Nos perguntaram qual era nossa religião, viram o crucifixo e a pediram que tirasse. Ela não quis e a degolaram na minha frente”, relembrou Francisco, que disse não saber se o homem ainda está em Lebos.

O papa não revelou a nacionalidade da família, mas muitos imigrantes de Lesbos na época da sua visita vinham da Síria. À época, Francisco voltou a Roma com três famílias sírias, que começaram na Itália uma nova vida. 

Papa Francisco com Roselyne Hamel, irmã do mártire moderno Padre Jacques Hamel, assassinado por extremistas no ano passado Foto: EFE/EPA/MAURIZIO BRAMBATTI/POOL

O papa se reuniu neste sábado com outros refugiados que chegaram à Europa e disse a eles que era necessário que a generosidade com os imigrantes que tinha visto em Lesbos e nas ilhas italianas da Sicília se propagasse pela Europa. “Vivemos em uma civilização que não tem crianças, mas que fecha suas portas aos imigrantes. Isso se chama suicídio”, disse o pontífice sobre sociedades com baixo nível de natalidade. / AFP, EFE e REUTERS.

Publicidade