Papa denuncia relativismo e tentativa de falsificar o evangelho

"Como nos séculos passados, também hoje há pessoas e instituições que, fazendo pouco caso da tradição da Igreja", afirmou Bento XVI

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Por Agencia Estado
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O Papa Bento XVI afirmou nesta sexta-feira que, na sua opinião, o relativismo domina a sociedade e que muitas pessoas e instituições "fazem pouco caso da tradição, tentam falsificar a palavra de Cristo e erradicar do evangelho a verdade, muito incômoda para o homem moderno". As palavras do pontífice foram dirigidas a dezenas de milhares de pessoas que se reuniram debaixo de chuva na praça Jozef Pilsudki, de Varsóvia, para assistir à missa que encerrou a primeira etapa da visita de quatro dias à Polônia. "Como nos séculos passados, também hoje há pessoas e instituições que, fazendo pouco caso da tradição da Igreja, pretendem falsificar a palavra de Cristo e erradicar do evangelho a verdade, que consideram muito incômoda para o mundo moderno. Tentam dar a impressão de que tudo é relativo e que a verdade da fé depende da situação histórica e da avaliação humana", disse Bento XVI. O Papa acrescentou que a Igreja não pode calar a Verdade (o evangelho) e que todos os cristãos são chamados a compartilhar a responsabilidade. Ele afirmou que todo cristão deve confrontar continuamente suas próprias convicções com os ensinamentos do evangelho e da tradição da Igreja, para permanecer fiel à palavra de Cristo. "Não podemos cair na tentação do relativismo, nem da interpretação subjetiva e seletiva das sagradas escrituras. Só a verdade integral pode levar a Cristo", alertou. Milhares de poloneses desafiaram o frio e a chuva, desde as primeiras horas da madrugada, para assistir à cerimônia. Bento XVI dedicou parte do sermão a ressaltar a figura de João Paulo II e do cardeal primaz Stefan Wyszynski, morto em 1981. As biografias dos dois, disse, estão fortemente unidas à história da Polônia. O Papa lembrou que o local onde foi celebrada a missa, conhecido também como Praça da Liberdade, foi escolhido por João Paulo II para celebrar sua primeira missa na Polônia, em 1979, na qual pediu ao Espírito Santo que descesse e renovasse "a face da terra, desta terra". Foi o início da mudança, levando à queda do regime comunista polonês. Bento XVI lembrou também a carta que seu antecessor escreveu a Wyszynski, pouco depois de ser eleito Papa, em 1978. Nela, dizia que não teria sido eleito sem a fé do primaz, "que não se curvou à prisão e ao sofrimento", e a ajuda de Jasna Gora, a imagem negra de Nossa Senhora que simboliza o catolicismo polonês. O Papa disse ainda aos poloneses que devem agradecer a Deus pelas mudanças no país durante o pontificado de João Paulo II, em referência implícita ao papel do Vaticano na queda do comunismo. "Diante dos nossos olhos houve mudanças completas de sistemas políticos, econômicos e sociais. Em diversas partes do mundo as pessoas recuperaram a liberdade e a dignidade", disse. Bento XVI não economizou elogios a João Paulo II, a quem sempre se refere como seu "amado antecessor". Ele pediu os aplausos dos presentes para "o grande polonês" e pediu aos fiéis que, além de manter a fé, transmitam sua crença às gerações futuras. No começo da tarde, Bento XVI vai para o santuário de Czestochowa, onde vai venerar a virgem negra de Jasna Gora. Depois, vai a Cracóvia, onde João Paulo II foi arcebispo e cardeal, passando 40 anos de sua vida antes de ser eleito Papa. No sábado, continuando a peregrinação pelos lugares onde viveu seu antecessor, o Papa visitará Wadowice, o povoado onde nasceu Karol Wojtyla.

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