Papa diz que não renunciará

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Por Agencia Estado
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O papa João Paulo II reafirmou hoje no Vaticano, na celebração do 24.º aniversário de sua eleição, que não vai mesmo renunciar a seu cargo, apesar dos problemas de saúde que enfrenta. Falando a uma multidão de cerca de 20 mil fiéis na Praça de São Pedro, o papa recordou que em sua recente viagem à Polônia pediu forças físicas e espirituais à Virgem Maria, para que pudesse cumprir até o fim a sua missão. "Em tuas mãos ponho todos os frutos de minha vida e de meu ministério, a ti confio a sorte da Igreja", voltou a rezar João Paulo II, dirigindo-se a Nossa Senhora, na audiência das quartas-feiras, depois de assinar um documento que muda a estrutura da recitação do rosário. "Repito hoje essas palavras, dando graças a Deus por esses 24 anos de pontificado", acrescentou. Para deixar claro que não pretende mesmo se aposentar, o papa anunciou que aproveitava a comemoração para reiterar sua decisão. "Neste dia tão especial, eu me coloco de novo nas mãos da Mãe de Deus, confiando a ela o meu futuro", declarou João Paulo II, sob aplausos da multidão. O papa polonês Karol Wojtyla, que completou 82 anos em maio e está cumprindo o quinto pontificado mais longo da Igreja, passou a ter uma saúde frágil desde 1981, quando sofreu um atentado a tiros no Vaticano. Além de ter feito várias cirurgias ele sofre do mal de Parkinson e tem artrite crônica. Apesar disso, mantém os principais compromissos de seu cargo, incluindo viagens ao exterior. Durante sua última visita à Polônia, houve muita especulação sobre a possibilidade de que viesse a renunciar, recolhendo-se a um mosteiro perto de Cracóvia, sua antiga arquidiocese. Ele desfez então os boatos, quando pediu forças à Virgem Maria para cumprir sua missão até o fim. Depois disso, não se falou mais em renúncia. "Sempre achamos que João Paulo II vai esgotar toda a sua energia a serviço da Igreja e de seus irmãos", observou hoje, em Brasília, o secretário-geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), d. Raymundo Damasceno Assis, ao saber que o papa havia reafirmado a intenção de não abdicar. De acordo com o Código de Direito Canônico, o papa só deixa de ser papa ao morrer ou na hipótese de renunciar espontaneamente ao cargo. Isso só aconteceu uma vez na história da Igreja, quando o ex-monge Celestino V abandonou o Vaticano, em 1294, para voltar ao convento em que vivera. Em outros casos, pontífices foram forçados a renunciar por pressão de reis e imperadores. Hoje, um grupo de poloneses octogenários reuniu-se em Wadowice, a terra natal de João Paulo II, para comemorar os 24 anos de sua eleição. Amigos e ex-colegas de escola de Lolek, o apelido do papa na infância, lembraram os tempos em que brincavam juntos na Praça do Mercado, atualmente Praça João Paulo II, batendo bola à porta da igreja matriz. No dia 19 de agosto, o papa fez questão de sobrevoar Wadowice, cidade industrial de 25 mil habitantes, antes de embarcar de volta a Roma.

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