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Papa diz que terrorismo deve ser derrotado com maior justiça

Por Agencia Estado
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O papa João Paulo II advertiu hoje que a luta contra o terrorismo não pode prescindir de um compromisso político, diplomático e econômico que "elimine as escandalosas situações de grande injustiça, opressão e marginalização que continuam pesando sobre inumeráveis membros da família humana". O terrorismo não tem justificativa, reafirmou o pontífice, mas a comunidade internacional não pode continuar ignorando as causas mais profundas que impulsionam os jovens a cair na "tentação" da violência e da vingança. O papa fez as reflexões durante a audiência concedida hoje na residência de verão de Castelgandolfo à nova embaixadora da Grã-Bretanha perante a Santa Sé, Kathryn Frances Colvin, que apresentou as credenciais. As afirmações ganham transcendência especial, ao serem formuladas a quatro dias do aniversário dos ataques contra os EUA, cujo governo, em relação à luta contra o terror, tende a lançar uma guerra contra o Iraque, justamente com o apoio do governo britânico. O terrorismo "representa uma imensa e imediata ameaça à paz mundial", disse João Paulo II. Esse mal, "gerado pelo ódio o isolamento e a desconfiança, agrega violência à violência em uma trágica espiral que perverte e envenena gerações sucessivas. Por esta razão, não só se comete crimes intoleráveis, como também o recurso ao terror como meio político e militar é em si mesmo um verdadeiro crime contra a humanidade". Mas o papa também destacou que "como parte essencial da luta contra qualquer forma de terrorismo, a comunidade internacional está convocada a tomar novas e criativas iniciativas políticas, diplomáticas e econômicas para resolver as escandalosas situações de enorme injustiça, opressão e marginalização" social. "A História nos mostra - acrescentou - que o recrutamento dos terroristas se realiza com maior facilidade em áreas onde os direitos humanos são pisoteados e onde a injustiça forma parte da vida cotidiana". Isto, porém, "não quer dizer que as desigualdades e os abusos existentes no mundo sejam uma desculpa para o terrorismo. Não existe nenhuma justificativa para a violência e o desprezo pela vida humana. Para o papa, "a construção de uma cultura global da solidariedade é talvez o maior dever moral que a humanidade tem pela frente". Ele destacou ainda que este é sobretudo um "desafio nos países desenvolvidos do Ocidente, onde os valores da religião cristã durante longo tempo vinculados à construção da sociedade são postos agora em discussão diante de modelos alternativos baseados em um individualismo exagerado e um materialismo prático que pode corroer e até derrubar os fundamentos da vida social".

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