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Papa fala sobre a indissolubilidade do casamento

Bento XVI se reuniu com membros do Tribunal Apostólico da Rota Romana

Por Agencia Estado
Atualização:

O papa Bento XVI lembrou neste sábado aos membros do Tribunal Apostólico da Rota Romana (Sacra Rota) o caráter indissolúvel do casamento católico. Em seu discurso, realizado neste sábado por ocasião do início do ano judicial, o papa disse aos juristas que "não podem se esquecer de que, nas causas para anular um casamento, a verdade do processo é pressupor a verdade do próprio casamento". "Já que a indissolubilidade de um casamento católico depende só da lei divina, pois não deriva do empenho definitivo dos contratantes, mas é intrínseco na natureza da poderosa união com Deus", acrescentou o pontífice. O papa pediu aos membros da Sacra Rota que têm que analisar os casos a não se deixar levar pelo que acham ser "um bem pastoral" ao anular casamentos. "Divulgou-se em certos ambientes eclesiais a convicção que o bem pastoral das pessoas em situações matrimoniais irregulares exigiria uma espécie de regularização canônica, independentemente da validade ou anulação de seu casamento, ou seja, independentemente da verdade de sua condição pessoal", explicou. O papa condenou que, desta maneira, "a via da declaração da anulação matrimonial se considera um instrumento jurídico para conseguir tal objetivo". Bento XVI também reiterou suas críticas a um contexto cultural "baseado no relativismo e no positivismo jurídico", que criou novas formas de legalização do casamento, entre elas as dos casais homossexuais. Segundo o pontífice, estas normas "consideram o casamento como uma mera formalização social de uma união afetiva" e se apresentam como "uma estrutura legal que a vontade humana pode manipular como lhe convém, privando-a até mesmo de sua índole heterossexual". Pedido Bento XVI pediu aos membros do tribunal católico "que não se deixe seduzir pelas vias interpretativas que implicam uma ruptura com a tradição da Igreja e que se afastam da verdadeira essência do casamento e de sua intrínseca dimensão jurídica". Estas vias, "sob nomes mais ou menos atraentes, tentam dissimular uma falsificação da realidade conjugal". E, diante disso, pediu que contribuam para "superar a crise do sentido do casamento, sendo convencidos servidores da Justiça para redescobrir a beleza da verdade do casamento". Bento XVI reiterou que o único casamento válido para a Igreja é "o que é fruto do livre consenso de um homem e uma mulher, cuja liberdade traduz em ato a capacidade inerente a sua masculinidade e feminilidade". Antoni Stankiewicz, o decano da Sacra Rota, que funciona como tribunal ordinário do Vaticano, assegurou ao papa que "o dever judicial e eclesial" dos juristas é o de "explorar com meios judiciais canônicos" a anulação do casamento. O prelado polonês acrescentou que a Sacra Rota tem pendentes para este ano, em sua maioria pedidos de anulação, 667 causas da Europa, 413 da América, 64 da Ásia, 12 da África e cinco da Austrália e Nova Zelândia.

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