
30 de setembro de 2016 | 05h00
O presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, anunciou nesta quinta-feira que o papa Francisco visitará o país no primeiro semestre de 2017. Ele não informou uma data precisa, mas afirmou que a visita do pontífice será de quatro dias. O Vaticano acompanhou a negociação do acordo de paz entre o governo e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), assinado na segunda-feira.
Durante sua visita a Cuba, no ano passado, Francisco pediu aos colombianos, durante missa, que avançassem no diálogo para encontrar uma solução negociada entre governo e guerrilha. Santos afirmou que a visita no papa “honrará muitíssimo” os colombianos e destacou que já havia se reunido com a chanceler María Holguín para tratar dos detalhes da viagem.
Venezuela. Após chanceleres latino-americanos manifestarem na quarta-feira sua preocupação com a crise política na Venezuela, ontem foi a vez da Colômbia de se posicionar sobre a questão regional. O Ministério de Relações Exteriores colombiano divulgou uma nota pedindo ao governo de Nicolás Maduro e à coalizão opositora Mesa de Unidade Democrática (MUD) “que continuem os esforços para avançar nos diálogos e obter consensos”.
“A Colômbia insiste na necessidade de continuar a elaboração de uma agenda concreta com resultados positivos para buscar soluções urgentes à situação social, política e econômica da Venezuela por meio de um diálogo construtivo em que se abordem todos os temas, incluindo a ativação do referendo revogatório segundo a Constituição”, diz o documento divulgado à imprensa.
A pressão de países da região pela realização do referendo revogatório contra Maduro ainda este ano – o que levaria a uma nova eleição – vinha sendo discutida. O chanceler do Brasil, José Serra, afirmou, após a cerimônia da assinatura do acordo de paz na Colômbia, que a Argentina pretendia concretizar a pressão por meio de uma nota conjunta, mas a iniciativa ficou congelada para dar mais tempo a uma mediação papal.
Na noite de quarta-feira, a nota conjunta foi então divulgada. “Os chanceleres abaixo expressam sua preocupação com a decisão do Conselho Nacional Eleitoral da República Bolivariana da Venezuela, tomada em 21 de setembro, que entre outros aspectos implica em um método para a coleta de 20% do censo e tem o efeito de adiar a realização do referendo até 2017”. A nota foi assinada por Argentina, Brasil, Chile, Paraguai, México e Peru.
A Colômbia, no documento divulgado nesta quinta-feira, também aborda a possível mediação do papa Francisco na crise política venezuelana. “Apoiamos e confiamos no papel mediador do Vaticano, o qual será fundamental para avançar com a vontade de reconciliação de todos os venezuelanos. A Colômbia reitera sua disposição em contribuir e cooperar com qualquer ação que alivie a situação do povo venezuelano”, encerra a declaração.
Após a divulgação da nota, o presidente Juan Manuel Santos fez um discurso comentando a crise venezuelana. “Estávamos com a chanceler analisando a situação na Venezuela e a possibilidade de que se estabeleça um diálogo entre a oposição e o governo. Há uma manifestação de ambas as partes de utilizar o Vaticano para uma mediação e queremos expressar nosso apoio a isso. Só por meio do diálogo se pode resolver os problemas e encontrar as soluções.”
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