SANTA CRUZ DE LA SIERRA- O papa Francisco pediu nesta quarta-feira, 9, perdão pelas ofensas e crimes cometidos pela Igreja Católica aos povos indígenas da América Latina durante a colonização do continente. A declaração do pontífice argentino foi dada durante 2.º Encontro Mundial de Movimentos Populares, no segundo dia de sua viagem à Bolívia, uma das maiores nações indígenas da América do Sul.
“Humildemente peço perdão não apenas pelas ofensas da própria Igreja Católica, como também pelos crimes cometidos contra os povos originários durante a chamada conquista da América”, disse Francisco. “Digo com pesar que se cometeram muitos e graves pecados contra os povos originais da América Latina em nome de Deus. Peço que a Igreja se pouse diante de Deus e peça perdão pelos pecados passados e recentes. Meus antecessores já reconheceram e também quero reconhecer”
Para a plateia de 1, 5 mil participantes do encontro de movimentos populares, o papa chamou atenção para “velhas e novas formas de colonialismo” de países ricos, dos grandes meios de comunicação.
Em relação aos países desenvolvidos, o pontífice afirmou que “nenhum poder constituído tem direito de privar os países pobres do pleno direito à soberania”. “Quando fazem isso, vemos novas formas de colonialismo. Os povos latino americanos pariram dolorosamente suas independências”, disse o papa.
Também mencionou os meios de comunicação. “Ações de concentração monopólica dos meios de comunicação social que pretendem impor pautas alienantes de consumo e uniformidade cultural é uma forma de novo colonialismo, de colonialismo ideológico”, criticou.
Francisco pediu “ação coordenada na luta contra corrupção, narcotráfico e terrorismo, graves problemas dos nossos tempos”. O papa criticou conferências internacionais “sem resultados” e disse que os programas assistenciais dos governos aos pobres “são respostas passageiras”. “O que dá dignidade é a verdadeira inclusão”. Finalmente, afirmou que “é imprescindível que os povos construam alternativa humana à globalização excludente”. O papa fez várias vezes menções à preservação da “mãe terra”, como chamam os povos indígenas