Papa quer reforçar 'pontos fracos' de finanças do Vaticano

Cardeal George Pell, responsável por implementar mudanças, anunciou que foco serão o clero e os fiéis

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Por José Maria Mayrink
Atualização:

O prefeito da Secretaria para Economia do Vaticano, cardeal George Pell, declarou ontem que "existem muitos desafios e muito trabalho a ser feito", mas o papa Francisco quer que as mudanças ocorram rapidamente, para enfrentar "pontos débeis e riscos" já identificados pela pontifícia comissão que estuda a organização da estrutura econômica e administrativa da Santa Sé.O cardeal anunciou importantes iniciativas em relação à Administração do Patrimônio da Santa Sé (APSA), ao Fundo de Pensões, às mídias e ao Instituto para as Obras da Religião (IOR), nome oficial do Banco do Vaticano.As novidades referem-se à Administração do Patrimônio, transferida ontem para a Secretaria de Economia, que vigiará agências da Santa Sé, políticas e procedimentos de aquisições e distribuição de recursos humanos, tendo entre outras atribuições o estabelecimento de relações estreitas com todos os principais bancos centrais. O objetivo é garantir liquidez e estabilidade financeira ao Estado do Vaticano.Um novo grupo dirigente passou a cuidar, desde ontem, de promover a segunda fase de reformas do Banco do Vaticano, sob a direção do francês Jean-Baptiste de Franssu, dando continuidade à primeira fase, realizada pelo alemão Ernst von Freyberg, nomeado pelo agora papa emérito Bento XVI. As prioridades são reforçar o business do IOR, transferir o patrimônio para um novo "Vatican Asset Management" e concentrar as suas atividades a serviço do clero, congregações, dioceses e leigos dependentes do Vaticano.O balanço definitivo consolidado da Santa Sé do ano de 2013, divulgado anteontem, registra um déficit de 24.470.549, em razão, principalmente, segundo o Vaticano, das flutuações negativas derivadas da valorização do ouro (cerca de 14 milhões).Entre os maiores gastos, está o setor de pessoal, que em 31 de dezembro consumiu cerca de 125 milhões brutos. Mais de 15 milhões foram pagos em impostos.O governo da Cidade do Vaticano, que tem administração autônoma e independente das contribuições da Santa Sé, fechou o balanço com superávit de 33.040.583, com aumento de aproximadamente 10 milhões em comparação com o ano anterior. Em dezembro, o Vaticano tinha 1.951 funcionários.Em 2013, o lucro líquido do Banco do Vaticano caiu de 86,6 milhões para 2,9 milhões. A queda deve-se, principalmente, aos custos do processo de reforma do IOR. No ano passado, a instituição fechou cerca de 3 mil contas, o que levou à saída de quase 44 milhões, segundo a Rádio Vaticano.

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