Papa repreende sexo na Igreja e defende celibato

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Por Agencia Estado
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Três dias antes de se reunir com os cardeais norte-americanos, o papa João Paulo II disse neste sábado na Cidade do Vaticano que os padres devem viver em celibato e evitar escândalos. Num tom firme, acrescentou que os bispos devem investigar os casos suspeitos e adotar medidas para evitar que se repitam. Em encontro com bispos da Nigéria, o papa não falou especificamente sobre os escândalos nos Estados Unidos, mas sua mensagem é claramente um sinal de que não está disposto a tolerar desvios de comportamento na Igreja. Por causa dos casos de abusos sexuais cometidos por padres, o papa convocou os 13 cardeais norte-americanos para uma reunião na terça e na quarta-feiras. Os cardeais querem debater mudanças na exigência do celibato e no veto à ordenação de mulheres, mas o papa não deve abrir espaço para as propostas. A mensagem de ontem pode ser considerada a mais dura desde que os últimos casos de pedofilia entre padres vieram à tona. Nos Estados Unidos, dez anos depois de se envolver em um escândalo por assediar um menino, Vincent Lipinski voltou ao sacerdócio no Estado do Novo México. Ele chegou a confessar ter abusado sexualmente do garoto de 14 anos. "Foi apenas uma dessas coisas que ocorrem na vida", disse Lipinski. Na época, outubro de 1992, Lipinski era pároco de uma igreja no povoado de Questa. Ele não foi preso. Por um acordo com as autoridades, passou sete meses em terapia e foi afastado do sacerdócio. Ele acaba de voltar à vida religiosa como voluntário na Igreja Católica Carismática do Espírito Santo, na cidade de Albuquerque. Apesar de seguir a Igreja Católica Romana, essa paróquia não é reconhecida pelo Vaticano e tem regras menos rígidas: possui mulheres em seu quadro de sacerdotes e o celibato é opcional para os homens. Lipinski garante que a congregação conhece seu passado. Nenhum sacerdote da paróquia, porém, fez comentários sobre a situação. "Não cresci em um ambiente onde a homossexualidade era condenada", afirmou Lipinski, que não esconde ser homossexual. Para Lipinski, o celibato deveria ser opcional para todos os sacerdotes. Em 1987, Lipinski foi ordenado. Dois anos depois, foi designado para ser o pároco da Igreja Santo Antônio, em Questa. Apesar de admitir ter assediado o adolescente, Lipinski enfatizou nunca ter quebrado o celibato. Ao pedir perdão ao garoto, Lipinski reconheceu que muitas pessoas foram atingidas pelo escândalo que afetou a diocese. O arcebispo de Santa Fé renunciou em 1993, ao ser acusado de ter acobertado supostos abusos sexuais cometidos por sacerdotes. Ele contou que, durante a terapia que fez, esteve entre uma quantidade impressionante de sacerdotes. "Eram homens inteligentes e sinceros. Historiadores, músicos e advogados da Igreja."

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