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Papa se diz preocupado com limitações à Igreja na Venezuela

Instituição é uma das maiores críticas ao governo de Hugo Chávez; presidente já foi chamado de "tumor" por representantes da instituição

Por Agencia Estado
Atualização:

O Papa Bento XVI disse nesta quinta-feira ao presidente venezuelano, Hugo Chávez, que estava muito preocupado com as indicações de que a influência da Igreja Católica estaria diminuindo na Venezuela. Chávez respondeu dizendo que quaisquer que sejam os problemas entre o governo e a Igreja Católica, eles estavam limitados em "tempo, espaço e povo". A Igreja Católica tem uma das vozes mais críticas contra o líder de esquerda, que chegou a ser chamado de "tumor" por representantes da instituição. Alguns líderes católicos expressaram a preocupação de que o presidente está acumulando muito poder. Mais de 90% da população da Venezuela é católica, e líderes religiosos locais possuem intensa influência política sobre muitos cidadãos. Em uma coletiva de imprensa, Chávez salientou que a reunião com o Papa foi relacionada a pobreza e classificou o encontro como positivo e o "começo de uma nova era no relacionamento entre a hierarquia católica e o governo venezuelano". Nomeação de bispos Chávez e o Papa se encontraram no Palácio Apostólico durante 35 minutos. Bento XVI repetiu a necessidade de liberdade do Vaticano para apontar bispos venezuelanos, segundo um comunicado do porta-voz do Vaticano Joaquin Navarro-Valls. O Vaticano possui um acordo incomum, firmado em 1961, no qual o governo da Venezuela deve aprovar a nomeação de bispos, disse o reverendo Aldo Fonti, um oficial da Conferência Episcopal Venezuelana. Durante as duas horas de coletiva de imprensa, o presidente negou qualquer problema com o Vaticano sobre a nomeação de bispos dizendo que "a Igreja Católica não tem razão para se preocupar com a liberdade de nomeação de bispos. Quem mais pode escolhê-los senão o eles?" Aborto O Papa também se referiu ao aborto, pedindo que os programas de saúde venezuelanos respeitem a vida, segundo o comunicado. Líderes católicos no ano passado fizeram um lobby contra uma iniciativa de alguns legisladores pró-Chávez para afrouxar a legislação sobre o aborto e permitir o procedimento em caso de incesto e vítimas de estupro. A proposta foi arquivada mas os líderes católicos dizem estar preocupados com outra proposta de diminuição de restrições sobre o aborto. Liberdade de imprensa Navarro-Valls disse que o Pontífice também discursou sobre a necessidade da mídia católica de se expressar de maneira independente. Líderes da Igreja manifestaram sua preocupação sobre o que eles definem como um clima por vezes ameaçador enfrentado pela mídia católica. Caracas insiste que respeita plenamente a liberdade de imprensa apesar de leis aprovadas recentemente que endurecem as penalidades para libelo e regulamentação de transmissões de rádio e TV. O Pontífice resumiu suas preocupações em uma carta entregue à Chávez, junto com uma cópia de sua primeira encíclica e uma medalha papal. Boas relações Chávez disse repetidas vezes que quer uma boa relação com a Igreja. Durante a audiência papal, o presidente presenteou Bento XVI com um retrato do líder Simon Bolívar, que nasceu na atual Venezuela. O venezuelano disse ao papa que Bolívar não era um ateu, como muitos acreditavam, mas um cristão. Depois da Itália, as próximas paradas do presidente venezuelano serão Viena, na Áustria, para um encontro de líderes europeus e latino-americanos, em seguida Reino Unido, Líbia e Argélia.

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