Paquistaneses protestam contra saída de juiz do Supremo

Afastamento do magistrado da Suprema Corte é amplamente visto como um teste à independência do judiciário em um país dominado pelos militares desde 99

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Por Agencia Estado
Atualização:

Advogados boicotaram audiências, entraram em choque com a polícia e queimaram uma imagem do presidente do Paquistão, general Pervez Musharraf, nesta segunda-feira, 12, durante protestos generalizados contra o afastamento do presidente da Suprema Corte de Justiça do Paquistão, Iftikhar Mohammed Chaudhry. O afastamento do magistrado é amplamente visto como um teste à independência do judiciário num país dominado pelos militares desde o golpe palaciano liderado por Musharraf em 1999. Chaudhry, amplamente respeitado por investigar desvios de conduta e abusos dos direitos humanos atribuídos ao governo, foi afastado por Musharraf na última sexta-feira. Sem entrar em detalhes, a assessoria de imprensa do governo alegou que Musharraf havia recebido denúncias de abuso de autoridade contra Chaudhry. O ministro da Informação Mohammed Ali Durrani disse que um tribunal sediará um processo contra Chaudhry a partir de amanhã. A audiência será a portas fechadas, apesar da pressão para seja pública. Durrani também negou que Chaudhry estaria em regime de prisão domiciliar, mas nesta segunda-feira policiais eram vistos diante da residência do magistrado em Islamabad controlando a entrada e a saída de pessoas. Advogados protestaram nesta segunda-feira em diversas cidades paquistanesas. Além de Islamabad, eles também se manifestaram em Lahore, onde 20 participantes ficaram feridos e oito foram detidos, e em Karachi, a maior cidade do Paquistão. Chaudhry tem reputação de independência. Recentemente, ele pressionou o governo por informações sobre o paradeiro de dezenas de pessoas que estariam detidas em segredo pelos serviços secretos paquistaneses. No ano passado, ele suspendeu a privatização de uma siderúrgica estatal.

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