12 de agosto de 2010 | 08h57
ISLAMABAD - As autoridades do Paquistão emitiram novos alertas de enchentes nesta quinta-feira, 12, que deve permanecer ativo durante todo o fim de semana. O aviso foi dado em um momento no qual o governo e agências de ajuda trabalham para auxiliar as vítimas das fortes chuvas que atingem o país asiático.
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Imagens das enchentes no Paquistão
As enchentes, causadas por fortes chuvas nas cabeceiras da bacia do rio Indo, deixaram um rastro de destruição de mais de mil quilômetros, de norte a sul do país, matando mais de 1.600 pessoas. Cerca de 14 milhões de pessoas - 8% da população - foram afetadas e 2 milhões estão desabrigadas.
Autoridades preveem enormes prejuízos para a agricultura. A Organização das Nações Unidas (ONU) lançou um apelo por US$ 459 milhões em ajuda humanitária, e alertou que haverá mais mortes se a verba não chegar.
O Ministério das Finanças informou que, por causa da tragédia, o Paquistão não conseguirá atingir sua meta de 4,5% de crescimento do PIB neste ano. O Ministério não divulgou uma nova estimativa.
Visita
O presidente do Paquistão, Asif Ali Zardari, viajou na quinta-feira para uma área atingida por inundações nas últimas duas semanas, após ser criticado por ter mantido sua agenda na Europa em meio à crise, contribuindo com a imagem de ineficiência do governo.
Quando as inundações começaram, Zardari embarcou para visitas oficiais ao Reino Unido e à França. Dois dias depois de regressar ao Paquistão, ele viajou para a localidade de Sukkur, à beira do rio Indo, para inspecionar os danos e os trabalhos de emergência.
Centenas de estradas e pontes foram destruídas desde as montanhas do norte até as planícies da província meridional do Sindh, onde as águas ainda não recuaram.
Várias aldeias e fazendas foram inundadas, destruindo lavouras e criação de animais. Em alguns lugares, famílias inteiras estão encolhidas em pequenos trechos de terra encharcada, junto a seus animais, ilhados pela inundação.
Nos pontos de distribuição de alimentos, as pessoas disputam os mantimentos. A chegada do mês do Ramadã, quando os muçulmanos jejuam até o anoitecer, aumenta o nervosismo das pessoas.
"O governo (...) deveria fornecer água limpa e comida limpa para as pessoas", disse o padeiro Mohammad Ali, que disputava mantimentos no noroeste paquistanês. "O Ramadã chegou, mas não vemos sinais de que o governo nos dará nada disso."
As lavouras de trigo, algodão e açúcar sofreram danos consideráveis e a ONU alerta para uma segunda onda de mortalidade entre as vítimas por causa de doenças e escassez alimentar, caso a ajuda demore.
Os custos da reabilitação do setor agrícola podem chegar a bilhões de dólares, segundo Maurizio Giuliano, porta-voz das operações humanitárias da ONU.
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