Paquistão analisa provas dos EUA contra Bin Laden

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Por Agencia Estado
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O governo paquistanês finalmente recebeu evidências sobre o suposto envolvimento do saudita radicado no Afeganistão Osama bin Laden nos ataques do dia 11 aos Estados Unidos. De acordo com o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Paquistão, o material foi entregue na terça-feira pela embaixadora dos EUA em Islamabad, Wendy Chamberlin, ao presidente paquistanês, general Pervez Musharraf, durante encontro de uma hora e meia. "Recebemos evidências materiais e informações sobre o estágio das investigações, que estão sendo analisadas pelos funcionários competentes", disse Riaz Mohammad Khan, recusando-se a entrar em detalhes sobre o conteúdo desse material. Um jornalista perguntou se o Paquistão estava relutante em admitir o envolvimento de Bin Laden. "Até ontem não tínhamos recebido nenhuma evidência contra ele. Como poderíamos apressar-nos em tirar alguma conclusão sem termos visto nada?", perguntou o porta-voz. "Agora, estamos examinando o que recebemos." Outro jornalista perguntou se incomodava o Paquistão - cujo governo enfrenta tremendas pressões internas por causa de sua decisão de cooperar com o esforço liderado pelos EUA - o fato de só receber as esperadas evidências depois de outros parceiros-chave na coalizão. "Os EUA são membros da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte). Provavelmente acharam apropriado que seus aliados da Otan recebessem as informações antes de outros países", disse o diplomata, afastando qualquer ressentimento. O porta-voz anunciou a retirada, por parte dos EUA, de sanções contra 72 das 92 empresas paquistanesas que foram alvo do embargo comercial americano depois dos testes nucleares realizados pelo Paquistão e pela Índia em 1998. Além disso, há informações de que o governo americano estaria preparando um programa de ajuda econômica para o Paquistão no valor de US$ 600 milhões, a ser submetido ao Congresso assim que for votada a retirada das sanções impostas depois do golpe militar de dois anos atrás, que levou o general Musharraf ao poder. Khan disse que o Paquistão fez uma consulta ao governo americano sobre por que a Fundação Al-Rashid foi incluída na lista das 27 organizações e indivíduos engajados no terrorismo, divulgada pelo Departamento de Estado. "Até onde sabemos, trata-se de uma instituição de caridade que ajuda afegãos necessitados e gostaríamos de saber mais sobre por que ela está na lista." A inclusão da fundação, ao lado de um grupo paquistanês dedicado ao recrutamento de combatentes para a "guerra santa" contra o governo indiano na Caxemira, causou indignação no Paquistão. Mesmo assim, o diplomata reiterou que o Banco do Estado (banco central) recomendou aos bancos paquistaneses que atendessem ao pedido americano para congelar as contas das duas organizações, para evitar restrições às operações dessas instituições financeiras nos EUA e na Europa. O porta-voz negou que os Estados Unidos já estejam usando os aeroportos de Quetta e Peshawar. Khan também disse não ter informações sobre a vinda a Islamabad do primeiro-ministro britânico, Tony Blair, prevista para hoje ou amanhã. E não confirmou a informação dada pela vice-chanceler italiana, Margherita Boniver, ontem em Islamabad, segundo a qual representantes do rei Zaher Shah do Afeganistão, deposto em 1973 e exilado em Roma, virá à capital paquistanesa, para discutir o cenário político posterior à eventual derrubada do Taliban. "A vice-ministra italiana tem um papel apenas de facilitadora, mas não veio mediar um arranjo desse tipo", disse o porta-voz. "É compreensível que os afegãos que se importam com seu país estejam buscando soluções. Uma delegação do rei nos visitou no ano passado, mas não temos informação sobre uma nova delegação. Se alguma proposta for feita, olharemos positivamente. Mas é privilégio dos afegãos decidir sobre seu futuro."

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