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Paquistão assina trégua com milícias pró-Taleban

Acordo de paz visa encerrar cinco anos de violência em área tribal na fronteira com o Afeganistão

Por Agencia Estado
Atualização:

O governo do Paquistão e líderes rebeldes pró-Taleban assinaram nesta terça-feira, dia 5, um acordo de paz com o objetivo de encerrar cinco anos de violência em uma área tribal situada na fronteira com o Afeganistão. Pelo acordo, os militantes devem parar de atacar as forças paquistanesas na região semi-autônoma de Waziristão do Norte e parar de cruzar a fronteira para atacar soldados americanos e afegãos engajados em operações contra combatentes da milícia fundamentalista islâmica Taleban e da rede extremista Al-Qaeda no vizinho Afeganistão. Por sua vez, o Exército do Paquistão deve encerrar sua impopular campanha militar nas áreas tribais paquistanesas, que já provocaram a morte de centenas de militares, rebeldes e civis. A cerimônia de assinatura foi realizada em uma escola de Miran Shah, principal cidade de Waziristão do Norte. Depois da assinatura, oficiais do Exército e líderes rebeldes se abraçaram e parabenizaram uns aos outros pelo acordo. Milhares de soldados foram enviados às áreas tribais semi-autônomas do país depois da invasão do Afeganistão, no fim de 2001, em resposta aos atentados de 11 de Setembro daquele ano contra os Estados Unidos. O acordo, que segundo um oficial paquistanês oferece uma "anistia implícita" aos rebeldes paquistaneses e estrangeiros, é para analistas um sinal do fracasso dos militares paquistaneses em eliminar a insurgência pro-Taleban em seu próprio solo. Para o cientista político paquistanês Rusul Basksh Rais, as forças do pais não tinham outra alternativa senão se reconciliar com os militantes. Isso porque o conhecimento do terreno e determinação dos guerrilheiros em proteger a região forçariam uma continuidade ao conflito. "O Exército não está em condição de derrotar as tribos", disse Rais. "Mas o Paquistão não pode permitir - e eu espero que não o faça - que essa área se torne um santuário para terroristas. Principalmente com as forças de coalizão do outro lado da fronteira." Segundo o pacto, nenhum militante do Waziristão do Norte poderá dar abrigo a militantes estrangeiros. Além disso, o acordo impede que os guerrilheiros ataquem funcionários do governo e das forças de segurança paquistanesas, assim como líderes pró-governo e jornalista. Texto ampliado às 15h10

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