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Paquistão eleva segurança e prende partidários de Sharif

Mobilização ocorre um dia antes de ex-primeiro-ministro voltar do exílio

Por AP , Reuters e Islamabad
Atualização:

O governo do presidente do Paquistão, general Pervez Musharraf, aumentou ontem a segurança no Aeroporto de Islamabad, com barricadas e boqueios, e prendeu cerca de 2 mil simpatizantes do ex-primeiro-ministro paquistanês Nawaz Sharif, na véspera de seu retorno ao país. De acordo com o porta-voz de Sharif, Ahsan Iqbal, a maioria das prisões foi feita nos últimos quatro dias na Província de Punjab - onde está a base política do ex-premiê. "A atitude do governo prova que não há democracia sob a administração de Musharraf", afirmou Iqbal. Sharif, deposto por Musharraf em 1999, deve desembarcar hoje no Paquistão após sete anos de exílio em Londres. Um alerta de segurança máxima já foi declarado no aeroporto que, segundo a imprensa local, estará interditado para a população. "Somente pessoas com passagens confirmadas poderão entrar no aeroporto", afirmou um oficial de segurança que não quis se identificar. "Esperamos que nada aconteça porque estamos preparando um retorno pacífico de Sharif", afirmou Iqbal. "Mas se tentarem impedir o povo de ir ao aeroporto para recepcioná-lo, pode haver tensão." Sharif chegará acompanhado de seu irmão, Shahbaz. Os dois podem ser presos ao desembarcarem no país, pois são acusados criminalmente por corrupção e traição. "(A prisão) seria um pequeno preço a pagar pela liberdade do país", afirmou Sharif antes de deixar Londres na noite de ontem. "Milhares de pessoas foram presas, mas nossos partidários são milhões", disse o ex-premiê em relação às prisões em Punjab. "Isso não vai conseguir nos deter." O ex-premiê foi mandado para a Arábia Saudita por Musharraf em 2000 como parte de um acordo. Segundo o governo, Sharif teria concordado em ficar dez anos fora do Paquistão para evitar pena de prisão perpétua por seus crimes. No entanto, Sharif alega que o acordo era de apenas cinco anos de exílio. A Suprema Corte do país acatou no mês passado um pedido do ex-premiê para voltar para casa - decisão que representou uma dura derrota para Musharraf. O governo aceitou a decisão do tribunal, mas destacou que Sharif ainda enfrentava ações legais no Paquistão. De acordo com analistas, o retorno de Sharif é um grande desafio para Musharraf - que perdeu muito apoio popular depois de tentar destituir um juiz em março. A volta do premiê também poderia arruinar o acordo de divisão de poder que está sendo negociado entre o presidente e a ex-primeira-ministra Benazir Bhutto. Musharraf quer ganhar mais um mandato de cinco anos nas próximas assembléias nacionais e provinciais marcadas entre setembro e outubro, enquanto Sharif e Benazir querem concorrer às eleições gerais do país em janeiro de 2008.

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