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Paquistão quer pacto nuclear com EUA

Premiê exige que americanos fechem acordo de cooperação semelhante ao alcançado com a Índia, sua vizinha e rival

Por AP , Reuters e Islamabad
Atualização:

O primeiro-ministro do Paquistão, Yousef Raza Guilani, exigiu ontem que os Estados Unidos fechem um acordo de cooperação nuclear civil com seu país nos mesmos moldes do pacto que os americanos aprovaram com a Índia na quarta-feira. "O Paquistão (que como a Índia tem arsenal atômico) tem agora uma justificativa para demandar um acordo semelhante, já que não aceitaremos ser discriminados", disse Guilani. "Trabalharemos para fechar um pacto nuclear e acreditamos que os americanos terão de aceitar." Na quarta-feira, o Congresso dos EUA aprovou um histórico tratado com a Índia, encerrando uma proibição de comércio nuclear civil entre os dois países que já durava mais de três décadas. Críticos dizem que o acordo prejudica os esforços para conter a disseminação de armas nucleares, ao permitir que a Índia importe combustível, reatores e tecnologia nuclear, mesmo não sendo signatária do Tratado de Não-Proliferação Nuclear (TPN). O tratado provocou reações no governo do Paquistão, que é inimigo da Índia e é considerado o principal aliado dos EUA no combate ao terrorismo. O governo do presidente paquistanês, Asif Ali Zardari, também não é signatário do TPN. O acordo entre a Índia e os EUA, que ainda precisa da assinatura do presidente George W. Bush, permitirá o investimento de milhões de dólares. Numa mudança radical na política americana, o pacto prevê que, em troca, os indianos permitam que funcionários da ONU inspecionem suas instalações nucleares civis, mas não as militares. INIMIGOS Indianos e paquistaneses já travaram três guerras - duas pela disputada região da Caxemira - desde a independência da Grã-Bretanha, em 1947, e quase entraram em conflito novamente em 2002. Dois anos depois, os vizinhos deram início a negociações de paz. O Paquistão testou suas armas nucleares pela primeira vez em 1998, em resposta aos testes atômicos subterrâneos realizados pela Índia. Analistas dizem que é pouco provável que os Estados Unidos concordem com a demanda do primeiro-ministro paquistanês. Para o governo americano, o Paquistão não pode ser tratado como a Índia, por não ter um histórico de democracia nem ter demonstrado que trabalha pela não-proliferação nuclear. Outro motivo que provoca desconfiança nos americanos é o fato de o cientista Abdul Qadir Khan, considerado o pai da bomba nuclear paquistanesa, ter contrabandeado tecnologia nuclear para países como Irã, Líbia e Coréia do Norte. Para selar o acordo de cooperação nuclear, a secretária americana de Estado, Condoleezza Rice, visitará a Índia amanhã e se reunirá com o ministro do Exterior Pranab Mukherjee.

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