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Paquistão se diz pronto para dialogar com a Índia

Por Agencia Estado
Atualização:

O presidente do Paquistão, general Pervez Musharraf, declarou-se nesta sexta-feira pronto para manter um encontro com o primeiro-ministro da Índia, Atal Behari Vajpayee, em meio a grandes temores de uma nova guerra entre as duas nações nucleares do sul da Ásia. "Se o senhor Vajpayee demonstrar vontade (para dialogar), haverá disposição de nossa parte", disse o presidente paquistanês. Estados Unidos, Inglaterra e até o Brasil estão pedindo aos dois países esforços para evitar um conflito armado. Segundo fontes militares paquistanesas, 95% da Força Aérea indiana estão em posição de ataque e o deslocamentos de tropas e infantaria mecanizada para a fronteira prossegue. A tensão entre os dois vizinhos aumentou desde o ataque suicida contra o Parlamento indiano no dia 13, que deixou 14 mortos e 17 feridos. A Índia alega que os atacantes, separatistas da Caxemira indiana, receberam apoio logístico dos serviços secretos paquistaneses. Indianos e paquistaneses já travaram, desde 1947, três guerras - duas delas pela posse da Caxemira. O general Musharraf disse que poderia manter negociações com o primeiro-ministro indiano na próxima semana e indicou o Nepal como local ideal. Contudo, ele advertiu que os dois países devem abrir mão das disputas para início de conversa. "Você não pode bater palmas com uma única mão", disse Musharraf aos repórteres. A oferta do líder paquistanês não teve, ao que tudo indica, nenhum impacto em Nova Délhi. Fontes do governo indiano descartaram a possibilidade de um encontro entre os dois dirigentes. O general Rashid Qureshi, porta-voz das Forças Armadas paquistanesas, disse que a natureza da mobilização militar indiana é para uma ação essencialmente ofensiva. Os habitantes de povoados da Caxemira indiana próximos da fronteira continuam sendo retirados e conduzidos locais mais seguros. Na quinta-feira, os dois países impuseram sanções mútuas. A Índia tomou a iniciativa, vetando seu espaço aéreo a aeronaves paquistanesas. Reduziu pela metade o pessoal diplomático em Islamabad e também a representação paquistanesa em Nova Délhi. O Paquistão reagiu imediatamente com idênticas medidas. Mas hoje o governo indiano informou que o espaço aéreo do país estava aberto para o avião do presidente paquistanês. Em meio a esse quadro, o presidente norte-americano, George W. Bush, e o primeiro-ministro britânico, Tony Blair, pediram aos líderes dos dois países esforços políticos. Num apelo pessoal, Bush pediu a Musharraf que atenda às reivindicações indianas e feche as sedes dos grupos separatistas na Caxemira paquistanesa e prenda seus líderes. Também o presidente brasileiro, Fernando Henrique Cardoso, enviou mensagem a Nova Délhi e Islamabad, pedindo "prudência" e medidas "para evitar ações que ponham em perigo a paz e a estabilidade da região".

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