A agência da Organização das Nações Unidas (ONU) para os refugiados afirmou nesta sexta-feira, 8, que mais 500 mil pessoas fugiram nos últimos dias da zona de combate no noroeste do Paquistão, elevando o número de deslocados no país nos últimos meses para 1 milhão.
Veja também:
Taleban não controlará armas nucleares do Paquistão, diz Gates
O porta-voz do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR), Ron Redmond, afirmou que cerca de 200 mil pessoas conseguiram chegar nas áreas de segurança nos últimos dias e outras 300 mil estão a caminho. Segundo o funcionário, esses números são somados aos cerca de 555 mil que fugiram da região desde agosto de 2008 e já estão registrados pela ONU. Na véspera, O Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) alertou para o risco de uma crise humana no Vale do Swat e disse estar preparando seu hospital em Peshawar para atender a até 100 feridos de guerra ao mesmo tempo.
O governo paquistanês declarou hoje o fim do acordo de paz com o Taleban e ordenou uma ofensiva do Exército para retomar as posições do Taleban no Vale do Swat, perto da fronteira com o Afeganistão. A nova ofensiva das forças paquistanesas teve início na quarta-feira, enquanto o presidente do Paquistão, Asif Ali Zardari, se reunia, em Washington, com seus colegas americano, Barack Obama, e afegão, Hamid Karzai. Há semanas os EUA vinham cobrando uma ação mais dura do governo paquistanês contra os insurgentes. Em resposta, Islamabad começou a enviar, desde o dia 26, reforço de tropas à região.
Os ataques desta semana - que contaram com o reforço de intensos bombardeios aéreos - foram concentrados nos distritos de Dir, Shangla e Buner, no Vale do Swat, onde o Taleban tenta expandir sua presença desde fevereiro, quando - após um acordo com o governo central - estabeleceu a lei islâmica (Sharia) nas áreas tribais.
Segundo o porta-voz militar Athar Abbas, o Exército paquistanês enfrenta cerca de quatro mil ou cinco mil insurgentes na operação recém iniciada no Vale de Swat. Os militares continuam a estratégia que procura a eliminação física dos líderes do Taleban, que conta com o apoio da Al-Qaeda e de fundamentalistas procedentes da região oriental paquistanês do Punjab, disse Abbas. "O povo viu sua verdadeira cara (dos taleban). Viu que seus objetivos vão muito além de implantar a Sharia. Por isso entraram em Dir e Buner", declarou Abbas.