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Para analista, mudança política será inédita

Toshikawa compara possível vitória do PDJ às ?revoluções? pacíficas

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Por Redação
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Analista da política japonesa há 30 anos, Takao Toshikawa diz nunca ter presenciado uma mudança tão radical nos rumos do país como a que deverá ocorrer hoje, com a provável vitória do Partido Democrático do Japão (PDJ) nas eleições parlamentares. Toshikawa compara a derrota do Partido Liberal Democrata (PLD), no poder há 54 anos quase ininterruptos, às "revoluções" pacíficas que o Japão viveu na segunda metade do século 19, com a ocidentalização promovida pela Restauração Meiji, e após a 2ª Guerra, quando se recuperou com a ajuda dos ex-rivais americanos. Na sua opinião, o maior contraste em relação ao governo atual virá da decisão do PDJ de reduzir o poder da burocracia do Estado, que teria usurpado dos políticos eleitos a habilidade de gerir questões cruciais como o orçamento. "O real poder decisório está nas mãos dos burocratas e esse é um enorme fator que diferencia os dois partidos", disse Toshikawa ao Estado. Segundo ele, o PLD solidificou uma aliança com a enorme burocracia do Estado, que passou de fato a governar o país. A principal proposta da oposição na área administrativa é tirar esse poder dos funcionários públicos e devolvê-lo aos políticos eleitos. Para isso, o partido defende que vários cargos sejam ocupados por parlamentares e o premiê tenha como conselheiros outros políticos e representantes da sociedade civil. O grande risco da estratégia é a falta de experiência administrativa do PDJ, que pode acabar precisando da ajuda dos burocratas que combate para governar, observa Toshikawa. O PDJ também propõe acabar com o sistema de "hereditariedade" que domina a política japonesa, pelo qual os filhos se utilizam da projeção dos pais para se eleger.

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