Para analistas, punição deve agravar crise política na Venezuela

Deixar país no bloco ‘como se nada estivesse ocorrendo’ prejudicaria imagem do Mercosul, avalia ex-ministro

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A decisão do Mercosul de suspender a Venezuela deve agravar a crise política do país. Para especialistas, não haverá consequências econômicas significativas, mas a punição será mais uma arma para os opositores do presidente Nicolás Maduro.

 O país deve perder seus direitos a voz e voto no bloco, o que, para o cientista político Vicente Carrasquero, da Universidade Simón Bolivar, significa um grave retrocesso para a política externa de Maduro. “A Venezuela não cumpre os requisitos democráticos do grupo, com os quais se comprometeu quando foi aceita”. O país tornou-se membro no Mercosul em 2012.

Estudante venezuelano protesta em San Cristobal, no Estado de Táchira, contra o presidente Nicolás Maduro Foto: AFP PHOTO / GEORGE CASTELLANOS

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O maior problema para Maduro seria interno, de acordo com Carrasquero. “O governo está com uma imagem muito danificada perante a população”, afirma. A estratégia dos chavistas deve ser a do “esquecimento”. “Eles não vão comentar essa decisão, porque a pressão internacional é forte, mas, da porta para dentro, o chavismo segue funcionando com os mesmos níveis de repressão e violações.”

A manutenção da Venezuela no bloco diante da prisão de opositores prejudicava a imagem do bloco, avaliou o diretor do Centro de Desenvolvimento Internacional de Harvard e ex-ministro do Planejamento da Venezuela, Ricardo Hausmann. “Deixar o país no Mercosul, como se nada estivesse ocorrendo, diminuía a posição do grupo em relação aos seus próprios cidadãos e o mundo”, afirma. 

A mensagem da essa decisão, segundo Carrasquero, é a de que o bloco não está disposto a permitir que a Venezuela viole os acordos com os quais se comprometeu, principalmente os relativos a direitos humanos. Hausmann acredita que, a partir de agora, Maduro se sentirá ainda mais pressionado.

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